No Dia Nacional do Doente Coronário – e em todos os outros – cuide do seu coração e evite a doença cardiovascular! Os cardiologistas e a Sociedade Portuguesa de Cardiologia estão disponíveis para continuar a fazer sempre mais e melhor pela saúde dos portugueses.

 

Artigo da responsabilidade do Dr. Ricardo Ladeiras Lopes

MD PhD; cardiologista, Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho; assistente convidado, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

 

As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte em Portugal, sendo responsáveis por mais de 30.000 mortes por ano.

Assinala-se no dia 14 de fevereiro, em plena pandemia de COVID-19, o Dia Nacional do Doente Coronário. Neste dia, tal como em todos os outros, devemos relembrar a extrema importância de cuidarmos da nossa saúde cardiovascular. Assim, interessa perceber:

  • O que é a doença coronária?
  • Como podemos cuidar da saúde cardiovascular?
  • Qual o impacto que a COVID-19 está a ter na gestão das doenças cardiovasculares?

Em que consiste?

A doença coronária consiste na presença de placas formadas por colesterol e cálcio nas artérias que irrigam o coração (artérias coronárias). Quando a placa de colesterol é grande, pode condicionar parcialmente a passagem de sangue nessa artéria, originando uma diminuição do fluxo de sangue para uma determinada região do músculo cardíaco (miocárdio), o que habitualmente acontece durante o esforço físico e está associado a dor torácica tipo “aperto” (angina de peito).

Adicionalmente, em algumas pessoas, estas placas tornam-se “instáveis” e originam a formação de um trombo (coágulo de sangue) que pode entupir totalmente a artéria coronária – esta situação origina o enfarte agudo do miocárdio.

O enorme progresso feito nas últimas décadas no diagnóstico e tratamento das diversas apresentações de doença coronária não nos pode fazer esquecer o importante peso que continua a ter para o indivíduo e para a sociedade, em termos de morte prematura, anos de vida saudável perdidos e necessidade de reabilitação após um evento.

Como evitar?

E como evitar a doença coronária? Tudo começa com a prevenção antes da doença se instalar, sublinhando-se a necessidade de fazer uma alimentação saudável, praticar atividade física (no contexto atual, respeitando as regras de distanciamento social e outras indicações dadas pela Direção Geral da Saúde) e não fumar.

De seguida, é fundamental o reconhecimento dos sintomas que levantam a suspeita de doença coronária, tal como um desconforto torácico opressivo associado ao esforço ou em repouso, o que deve motivar um contacto com o médico de família ou cardiologista assistente.

Tudo isto se aplica às pessoas que já tiveram um enfarte agudo do miocárdio, sendo também de maior relevância o rigoroso cumprimento da medicação prescrita, para evitar a recorrência de um novo evento coronário e para aumentar os anos de vida.

Impacto da COVID-19

Também o diagnóstico e tratamento da doença coronária estão, há um ano, a sofrer os efeitos da pandemia de COVID-19, doença causada pela infeção pelo vírus SARS-CoV 2. As pessoas com fatores de risco vascular e doença cardiovascular apresentam maior risco de desenvolver as formas moderadas e graves da COVID-19, e sabe-se que o próprio vírus pode originar lesão cardíaca e condicionar, assim, um aumento do risco de morte dos doentes infetados.

Dados muito recentes, publicados já em 2021, sugerem algo preocupante: os exames complementares de diagnóstico realizados na investigação da doença cardiovascular sofreram uma queda abrupta de 40 a 60% a nível global com a chegada da pandemia de COVID-19.

Perante a possibilidade do não diagnóstico de doença cardiovascular grave, implicando, por um lado, a sub-utilização de terapêuticas preventivas que melhoram o prognóstico e, por outro, a apresentação da doença cardiovascular apenas nas suas formas mais graves, o verdadeiro impacto do último ano de pandemia nos indicadores de doença cardiovascular são ainda largamente desconhecidos.

Alocação de recursos

É fundamental haver uma alocação adequada de recursos de saúde que permita minimizar a morbilidade e a mortalidade por COVID-19, mas também por todas as outras doenças não COVID-19 que têm um impacto muito pesado na saúde dos portugueses, como é caso das doenças cardiovasculares.

Neste mês em que se assinala o Dia Nacional do Doente Coronário, lembre-se que todos somos agentes de saúde e que o principal responsável pela nossa saúde somos nós próprios! Cuide do seu coração e evite a doença cardiovascular! Os cardiologistas portugueses e a Sociedade Portuguesa de Cardiologia estão disponíveis para continuar a fazer sempre mais e melhor pela saúde cardiovascular em Portugal!

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2021 (nº 313)