A Unidade Local de Saúde de Coimbra (ULS Coimbra) acaba de criar a primeira Unidade Funcional de Doença Inflamatória Intestinal do País. O objetivo é “intensificar a abordagem multidisciplinar, bem como facilitar o acesso hospitalar aos doentes recém-diagnosticados, mas também durante o seu seguimento, obviando a incerteza condicionada pelo diagnóstico de uma condição clínica de percurso, por vezes, imprevisível”, explica o Dr.  Francisco Portela, diretor do Departamento de Cirurgia e Gastrenterologia e responsável pela proposta de criação desta unidade funcional.

A doença inflamatória intestinal (colite ulcerosa e doença Crohn) tem registado, em Portugal, um aumento considerável na incidência e prevalência, prevendo-se que no final da década estas se possam aproximar do referenciado para a generalidade dos países ocidentais (0.6 a 0.8% da população). “Avançar para uma unidade estruturada e centrada no tratamento destes doentes é a única forma de corresponder não só às recomendações internacionais, mas sobretudo aos anseios de cuidados de qualidade transmitidos pelos doentes, individualmente ou através das suas associações”, destaca o Dr. Francisco Portela.

“A doença inflamatória intestinal tem um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes, condicionando marcadamente a sua vivência sociofamiliar e laboral”, frisa o Dr.  Alexandre Lourenço, presidente do Conselho de Administração da ULS, acrescentando que “a obtenção dos melhores resultados no seu tratamento implica uma abordagem multidisciplinar, baseada na conjugação de esforços de diversas especialidades médicas, equipas de enfermagem dedicadas e outros profissionais de saúde. É esse esforço que estamos a fazer, numa lógica de melhoria contínua dos cuidados que prestamos e de aproveitamento das sinergias de integração que a nossa ULS potencia”.

Em Portugal, a doença inflamatória intestinal é tratada maioritariamente no SNS e esta será a primeira Unidade Funcional dedicada à doença inflamatória intestinal do País. Esta doença consiste numa inflamação crónica e recorrente do tubo digestivo. É uma doença progressiva, que pode agravar-se com o tempo e provocar outras complicações (anemia, osteoporose, artrite, inflamação ocular, entre outras), pelo que deve ser rapidamente diagnosticada e tratada adequadamente. Estima-se que a doença inflamatória intestinal, cuja causa é desconhecida, afete mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 25 mil pessoas em Portugal.