Já parou para sentir até que ponto os destinos dos seus antepassados influenciam e determinam o curso da sua vida?

Artigo da responsabilidade da Dra. Maria Gorjão Henriques. Psicóloga, terapeuta, professora e facilitadora de Constelações Familiares. Fundadora e CEO do Espaço Amar. Fundadora e CEO da Consciência Sistémica em Portugal.

 

Desde o nosso país de origem, à família a que pertencemos, todos, sem exceção, influenciam os nossos comportamentos, pensamentos, opiniões e decisões.

Vivemos emaranhados numa teia invisível de Amor que sustenta e suporta a nossa família de origem, alimenta os nossos condicionamentos e nos convoca a tentar compensar vazios que ficaram por preencher por destinos difíceis dos nossos antepassados.

Segundo a abordagem sistémica, cada dor, cada conflito, cada conquista, cada alegria dos membros deste sistema, vivos, mortos, abortados, excluídos ou esquecidos, são-nos transmitidos silenciosamente e subtilmente, de geração em geração, provocando emaranhamentos no sistema familiar e causando dificuldades e destinos difíceis em alguns dos membros de gerações seguintes.

Somos chamados por instinto a compensar e reequilibrar esses vazios que, na verdade, moram em nós quando recebemos a Vida através dos nossos pais e com ela a memória biológica, emocional, mental e espiritual das histórias e destinos do nosso clã familiar.

REPETIÇÃO DE PADRÕES

Se olharmos para a história, também encontramos a repetição de padrões e de eventos que influenciam significativamente a memória de um povo, o seu comportamento e a sua forma de estar e viver. O mesmo acontece com as famílias de origem quando recebemos dos nossos pais a primeira célula: nela também estão contidas todas as memórias emocionais do clã feminino e masculino, levando-nos a viver e a nos identificar com um modo de vida, reações e comportamentos que nem sempre são o que, na verdade, queremos para nós.

Este sentido de pertença que temos consciente e inconsciente a nível familiar manifesta-se através de múltiplas formas de comportamentos, pensamentos, sensações e emoções com os quais nos identificamos e que nos oferecem, ao mesmo tempo, uma direção e uma vontade profunda de compensação e um sentido de pertença e segurança que tanto precisamos como Seres Humanos.

Todos nascemos de uma família, por isso, temos um universo imenso por explorar para saber quem na realidade somos, para onde vamos ou o que podemos ser!

FILOSOFIA DE VIDA

A Consciência Sistémica é uma filosofia de vida, uma abordagem que muda totalmente a nossa forma de olhar e estar na Vida. Passamos a compreender que todos os eventos biográficos nos servem de informação para descodificar o que precisa de ser visto, curado e amado dentro de nós. Passamos a reconhecer que a realidade exterior é, na verdade, a materialização da nossa realidade interior e que todas as pessoas e acontecimentos são uma oportunidade que damos a nós próprios de lidar com conteúdos internos importantes de serem revelados para a nossa evolução e para a nossa pacificação.

Os benefícios são altamente impactantes, porque permitem libertar-nos de lealdades inconscientes que nos impedem de ser felizes e que estão na base do perpetuar padrões de repetição de destinos que nos impossibilitam de abraçar a Vida de forma livre e leve.

Esta abordagem tem como propósito:

  • Desenterrar os “programas” que nos fazem viver situações repetidas e excessivas, trazendo para a consciência as dinâmicas ocultas que atuam nas nossas vidas;
  • Ganhar consciência da nossa interligação com o clã e com as suas circunstâncias;
  • Compreender que a informação não se perde, apenas se transmite de pais para filhos, com o objetivo de que alguém do clã possa ou consiga libertar e transformar o que foi vivido e guardado.

Muitas causas de infelicidade e de ansiedade ou problemas relacionados com saúde mental nascem da necessidade de compensação por lealdades inconscientes ao clã.

Repetimos padrões familiares e destinos muitas vezes de forma tão óbvia que chegamos a passar pelas mesmas experiências com a mesma idade de alguns antepassados nossos. Outras vezes repetimos de forma muito subtil ou mesmo oposta. Mas no fim, o que conta é que estamos a perpetuar a memória de dor dentro do Clã feminino ou masculino, tornando muito difícil a sua resolução sem uma abordagem terapêutica que olhe para a família como um todo e que vá acolher as histórias do passado como informação importante para o presente.

Leia o artigo completo na edição de junho 2022 (nº 328)