A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) está a promover uma ação nacional de consciencialização para o diagnóstico e tratamento precoces da colangite biliar primária, uma doença crónica e silenciosa, que atinge maioritariamente as mulheres, entre os 40 e os 60 anos.
A iniciativa surge no âmbito do Dia Internacional da Colangite Biliar Primária, que se assinalou a 11 de setembro, e vai decorrer durante o mês de setembro, nas redes sociais da associação, com o objetivo de alertar a população para esta doença, que se não for tratada precocemente, poderá evoluir para doença hepática terminal.
“A colangite biliar primária é uma doença crónica que se manifesta pela inflamação nos ductos biliares do fígado, que são lentamente destruídos devido à ação inflamatória e que leva a criação de cicatrizes no fígado (fibrose). Em muitos casos, a doença mantém-se ligeira ou moderada, sem perturbações do funcionamento do fígado. Sendo uma doença progressiva, se não for tratada precocemente, poderá evoluir para cirrose e/ou doença hepática terminal, obrigando ao transplante de fígado. Apesar de não se conhecerem as causas exatas da doença, esta resulta, provavelmente, de uma reação autoimune”, esclarece José Presa, presidente da APEF.
Os sintomas iniciais mais comuns são fadiga e comichão na pele (prurido). Embora menos frequentes, existem também outras manifestações a ter em conta, tais como: dor abdominal; escurecimento da pele; pequenas manchas amarelas ou brancas sob a pele ou ao redor dos olhos. Algumas pessoas apresentam também queixas de boca e olhos secos e dores nos ossos, músculos e articulações.
De acordo com a progressão da doença, podem surgir sintomas associados à cirrose: icterícia, acumulação de líquido no abdómen ou em outras partes do corpo (ascite) e sangramento interno na parte superior do estômago e do esófago, devido à dilatação das veias (varizes). A osteoporose é outra das complicações da colangite biliar primária. Apesar de ser mais comum em fases finais da doença, também pode ocorrer inicialmente. Além disso, as pessoas com cirrose apresentam risco aumentado de cancro do fígado (carcinoma hepatocelular).
“Normalmente, o médico suspeita deste distúrbio quando o doente apresenta sintomas característicos, no entanto, em 25 por cento dos casos não existe qualquer sintoma e a doença é detetada durante uma avaliação de rotina, pela elevação das análises do fígado, sobretudo da fosfatase alcalina”, alerta José Presa.
O médico explica que apesar de não ter cura, esta doença tem tratamento se diagnosticada atempadamente. “Os objetivos do tratamento são impedir ou retardar a progressão da doença e aliviar os sintomas, como comichão ou fadiga. Os tratamentos são fáceis e eficazes, sendo que quando mais cedo forem iniciados, menores serão as consequências da doença e a necessidade de transplante hepático”, afirma José Presa.
Em Portugal, estima-se que existam entre 500 a mil casos de colangite biliar primária, o que a torna uma doença rara e pouco conhecida, atingindo maioritariamente as pessoas do sexo feminino, mais precisamente, nove mulheres por cada homem; pessoas com membros da família afetados e pessoas do norte da Europa. As idades mais comuns de diagnóstico situam-se entre os 40 e os 60 anos, em ambos os sexos.
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