O cancro do pulmão é uma doença grave e potencialmente fatal que requer uma deteção precoce para se obterem melhores resultados. Conhecer os sinais, sintomas e fatores de risco pode auxiliar no diagnóstico e tratamento atempados.
Artigo da responsabilidade do Dr. Fernando Barata. Departamento de Oncologia ULS Coimbra. Hospitais CUF Coimbra & Viseu
Em Portugal, o cancro do pulmão é a principal causa de morte por doença oncológica. Projeções apontam para 6155 novos casos diagnosticados em 2024. Dados de vida real apontam para 5547 diagnosticados em 2021.
O cancro do pulmão é uma doença grave e potencialmente fatal que requer uma deteção precoce para se obterem melhores resultados. Não esqueçamos que mais de 70% dos doentes diagnosticados e tratados em fase precoce estão vivos cinco anos depois, comparativamente com apenas 12% se diagnosticados já numa fase avançada.
Hoje, mais de 65% dos cancros do pulmão são detectados em fase avançada ou disseminada. É urgente inverter este quadro, o que implica diagnosticar e tratar mais precocemente. Conhecer os sinais, sintomas e fatores de risco pode auxiliar no diagnóstico e tratamento atempados.
ESTAR ATENTO AOS SINAIS E SINTOMAS
Recordemos sinais e sintomas de cancro do pulmão: tosse persistente que se agrava com o passar dos dias; tosse com expectoração raiada de sangue ou cor de ferrugem; cansaço, pieira ou mesmo falta de ar de instalação súbita ou gradual; dor no peito que se agrava com a tosse ou a respiração profunda; fadiga com perda de peso inexplicável; infecções respiratórias de repetição; rouquidão persistente ou progressiva dificuldade em engolir.
Qualquer destes sinais ou sintomas, isolados ou associados, justificam consultar o médico, presumivelmente realizar estudos complementares de imagem torácica para avaliar da presença de doença respiratória, nomeadamente cancro do pulmão.
TABACO E OUTROS FATORES DE RISCO
Todos sabemos, mas muitos não querem dar importância à relação com os hábitos tabágicos. Todas as formas de inalar compostos do tabaco – carcinogénicos – contribuem para um danificar progressivo das células pulmonares. Quanto mais cedo começou a fumar, quanto mais tempo fumou, quanto mais cigarros por dia o fez, maior o risco de cancro do pulmão. Fumar charuto ou cachimbo não diminui o risco. Justificar-se dizendo que não inala o fumo não diminui o risco.
Não podemos desvalorizar outros fatores de risco, como o fumo passivo, exposição ocupacional ou o gás radão. Também a história familiar de doença oncológica ou a história pessoal de outra doença pulmonar ou outro cancro prévio são para valorizar como fator de risco.
MAIOR CONTROLO DA DOENÇA
Face à suspeita de cancro do pulmão, possuímos hoje em Portugal, quer a nível público quer privado, toda uma tecnologia sequencial de avaliação diagnóstica – broncoscopia, biopsia transtorácica ou por ecoendoscopia brônquica, entre outras – que vai permitir confirmar ou excluir doença oncológica torácica.
Também a avaliação da extensão da doença é hoje exequível com recurso a TAC, ressonância magnética ou tomografia por emissão de positrões (PET).
Seguidamente, em reunião multidisciplinar, decidimos personalizar a decisão terapêutica com recurso a cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e terapêuticas-alvo, utilizadas em modo isolado ou combinado. Tal tem permitido maior controlo da doença, pontualmente com longas sobrevidas, em quantidade e qualidade.
O cancro do pulmão continua a ser mais prevalente no idoso, mas cada vez estamos a diagnosticar também em idades mais jovens. Reforço: é importante estar atento, hoje e sempre, aos sinais e sintomas para um diagnóstico precoce. Não esqueçamos que o diagnóstico de cancro do pulmão implica uma profunda alteração dos sonhos de vida, do tempo de vida saudável e da qualidade de vida.
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