O cancro colorretal é um dos mais incidentes e mortais em Portugal, com mais de 10.500 novos casos por ano e uma média de 12 mortes por dia, segundo dados do GLOBOCAN 2022. Além disso, tem-se verificado um aumento preocupante de casos em indivíduos mais jovens. De acordo com o Registo Oncológico Nacional, os cancros colorretais estão entre os mais comuns em homens jovens. Portugal continua sem um rastreio de base populacional estruturado. A Europacolon Portugal afirma exigir medidas concretas para mudar esta realidade.
Cancros digestivos: uma epidemia silenciosa
Os cancros digestivos estão a aumentar de forma alarmante em Portugal. Em apenas três anos, os casos de cancro do estômago, pâncreas, fígado e intestino aumentaram significativamente, sendo detetados cada vez mais em fases avançadas e em populações mais jovens.
Os dados da GLOBOCAN revelam que:
- O cancro do intestino aumentou a incidência em 4,7% e a mortalidade em 14,12% entre 2019 e 2022.
- As doenças digestivas, em 2022, atingiram mais de 18 mil pessoas e mataram 11 mil e 700 pessoas.
- O cancro do pâncreas registou um aumento expressivo de 33%.
- Em 2022, o cancro digestivo foi responsável por 11.700 mortes em Portugal.
- O cancro do intestino foi o mais letal, com 4.809 mortes, seguido do estômago (2.578) e do pâncreas (2.086).
- Todos os dias morrem 30 pessoas de cancro digestivo no país.
Segundo Vítor Neves, presidente da Europacolon Portugal, “o padrão regional dos casos mantém-se. Historicamente, o Alentejo e Trás-os-Montes são as regiões com maior incidência de cancro gástrico e colorretal, o que os técnicos associam à alimentação e ao sedentarismo.”
Falta ainda apostar fortemente na prevenção e no rastreio, que poderiam evitar muitos casos: “É essencial que as unidades de cuidados de saúde primários valorizem a sintomatologia que os utentes transmitem nas consultas. Os médicos de família e os centros de saúde têm um papel crucial na deteção precoce destas doenças. Precisam de mais tempo para os doentes e de um maior foco na prevenção, mesmo em pessoas com menos de 50 anos”, reforça Vítor Neves.
O que ainda falta fazer:
- Implementar um rastreio de base populacional acessível a toda a população elegível (pessoas entre os 50 e os 74 anos);
- Reduzir as desigualdades no acesso ao rastreio, garantindo que todas as regiões do país tenham um programa eficaz de prevenção;
- Acelerar a adoção de novas tecnologias, incluindo novos métodos de rastreio atualmente em investigação no âmbito do projeto europeu ONCOSCREEN, que visam tornar o rastreio mais acessível, eficaz e menos invasivo;
- Reforçar o investimento em campanhas de sensibilização para garantir que mais pessoas compreendem a importância do rastreio e adotam um papel ativo na sua saúde.
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