Se aprecia música brasileira, jazz ou temas dos Beatles, se gosta de receber abraços agradáveis e sinceros, se tem dúvidas sobre para onde encaminhar a sua vida ou se o desânimo a acompanha, por que não experimenta umas sessões de biodança?

 

Os entusiastas da biodança asseguram que, em apenas três meses, a resistência ao stress aumenta sensivelmente, as relações interpessoais melhoram a olhos vistos e tudo se torna muito mais claro.

A biodança nasceu há quase meio século, pelas mãos do psicólogo e antropólogo chileno Rolando Toro (1924-2010) e é definida como o caminho para encontrar a alegria de viver. Trata-se de uma disciplina que utiliza o movimento, a música e a voz, para realizar um trabalho de grupo, no qual se interage com cada um dos participantes.

Na biodança, o grupo é essencial. Os exercícios perdem todo o sentido se não forem realizados em companhia, dado que uma componente muito importante de cada sessão é os vínculos que se estabelecem com os restantes membros do grupo. Isto faz com que o praticante se sinta protegido.

Música sempre presente

As aulas de biodança são sempre acompanhadas por música, selecionada segundo critérios de semântica musical, isto é, baseado no significado das emoções que cada melodia desperta.

Até ao momento, já foram selecionados pelos especialistas em biodança mais de 800 temas, de estilos tão variados como música clássica, Beatles, música popular latinoamericana e europeia, ritmos brasileiros e jazz, entre outros.

Cada sessão inicia-se com uma simples caminhada, primeiro de forma individual, em seguida aos pares, depois a três e três, a quatro e quatro, etc. Seguidamente, efetuam-se exercícios de relaxação das diferentes partes do corpo e, para terminar, exercita-se a integração das diferentes zonas. Um exemplo é a integração da cabeça – o que pensamos – com o peito – o que sentimos – e a zona pélvica – o que desejamos.

Voltar a viver

Na década de 60, enquanto trabalhava como professor na Universidade do Chile, Rolando Toro iniciou os seus trabalhos com a dança, aplicando-os a pacientes do hospital psiquiátrico dessa universidade. Rapidamente, deu-se conta de que a música produzia efeitos claros sobre eles. Quase todos sofriam de depressão crónica, devido ao ambiente frio do hospital e, segundo o próprio Prof. Toro, eram “autênticos mortos-vivos”. Assim, observou que os doentes melhoravam a sua autoestima através da celebração de festas. Para estarem presentes, a maioria desses doentes tomava banho e arranjava-se, algo de impensável até esse momento. Mas a melhor parte foi que a comunicação afetiva entre eles começou a funcionar, propiciando uma clara redução dos delírios e alucinações.

A partir desta experiência pioneira, Toro começou a trabalhar no sistema de biodança, estabelecendo um modelo e complementando-o com conceitos modernos, como os arquétipos de Jung – conteúdos do inconsciente coletivo, ou seja, as imagens e símbolos ancestrais, presentes nas mitologias, lendas, tradições, etc., que são modelos endógenos de condutas e produções imaginativas. Toro integrou, ainda, princípios do Tai Chi Chuan, ideias do equilíbrio pertencentes à dança Shiva da cultura indiana e, também, elementos das danças tribais, que serviram para estabelecer um conjunto de exercícios baseados nas posturas que o ser humano adota desde o início dos tempos.

Atualmente, existem escolas de biodança em numerosos países, incluindo Portugal, e a investigação prossegue.

Leia o artigo completo na edição de junho 2016 (nº 262)