Tendo a doença oncológica uma prevalência elevadíssima em Portugal, é urgente divulgar como através da aromaterapia e dos óleos essenciais o doente oncológico consegue encontrar algum conforto, notar algumas melhorias e sentir-se com mais energia.
Artigo da responsabilidade da Dra. Liliana Santos, psicopedagoga clínica, maitre-aromaterapeuta certificada em França e formadora; fundadora do Instituto Português de Aromaterapia e parte integrante do Núcleo de Aromaterapia em Oncologia.
Estigma, peso, dor, sofrimento, desespero, angústia e medo são os sentimentos que imperam, quando pensamos num diagnóstico como o do cancro, um diagnóstico que é recebido como que uma bomba que devasta tudo à sua volta.
Felizmente, cada vez mais, esta comunicação é feita de forma exímia pelos médicos. A comunicação (verbal e não verbal), o apoio psicológico, os próprios tratamentos e o número crescente de sobreviventes aumentam ano após ano. Hoje, venho falar do caminho que estes doentes percorrem, um caminho que não tem de ser penoso nem tem de ter um desfecho trágico.
Pelo contrário, “quem renasce das cinzas”, parafraseando Amélia, de quem vos vou falar mais à frente, renasce com mais força, mais energia, mas sobretudo com mais filtro, uma capacidade de filtrar aquilo que vale a pena daquilo que pouco importa e nada acrescenta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, registaram-se, em todo o mundo, 18 milhões de novos casos de cancro, sendo 23,4% na Europa e cerca de 58 mil em Portugal. Números impressionantes e que, dado o nosso estilo de vida, tendem a aumentar.
Melhor forma de prevenção é o conhecimento
Uma parte significativa dos cancros tem um processo muito longo desde que se começam a formar até serem detetados. A juntar a este facto acresce que muitas pessoas não estão atentas ou desconhecem os sintomas, uma terrível dupla que atrasa a deteção precoce, que é precisamente a chave para um prognóstico o mais positivo possível.
O objetivo da deteção precoce é diminuir a incidência da doença, evitando a sua propagação e metastização, mas para isso é imprescindível:
- Educação e conhecimento – Neste campo, a Medicina Geral e Familiar tem a enorme responsabilidade de informar e educar as pessoas a estarem atentas ao seu corpo, a mudanças, a alterações de peso, a observarem-se, a tocarem-se. Quanto mais informação e educação, maior será o controlo sobre a nossa própria saúde.
- Rastreios – Estar atento aos rastreios que fazem sentido para a sua faixa etária e não hesitar em fazê-los. Sem medos!
Aromaterapia: Uma terapia holística
A Aromaterapia, de uma forma sintética, é uma terapia milenar que utiliza óleos vegetais, hidrolatos e óleos essenciais extraídos da natureza, potenciando efeitos terapêuticos, físicos e emocionais.
À luz desta terapia, o indivíduo é encarado como um todo, ou seja, a doença é encarada como um distúrbio energético, que deve ser analisado na sua plenitude, deve ser tratada a causa da doença, a sua origem, e não apenas os sintomas que dela advém.
Pequenos frascos, grandes efeitos
A face mais visível da aromaterapia, porém, não a única, são os óleos essenciais (OE). Pequenos frascos constituídos por um composto químico natural e biológico, produzido pelas plantas que o utilizam na sua autodefesa. Os OE podem ser extraídos de pétalas, raízes, resinas e de cascas de frutos e são de uma minúcia e cuidados incríveis. A sua utilização carece de formação e/ou de apoio especializado, sempre.
- Óleos Vegetais
Mas, tal como referi, a Aromaterapia não são só óleos essenciais. Os óleos vegetais (OV) são indispensáveis para realizar uma utilização segura dos óleos essenciais. Os OV, não só diluem os óleos essenciais, como potenciam o efeito dos mesmos, visto que também eles possuem propriedades terapêuticas.
- Hidrolatos
O hidrolato, muitas vezes também designado de água floral, consiste na água condensada que resulta do processo de extração de um óleo essencial. O hidrolato também ele apresenta propriedades terapêuticas, uma vez que nele ficam retidas as partículas do óleo essencial.
Uma terapia complementar
Agora que já conhece um pouco mais desta terapia complementar, quero falar-lhe do que ela pode fazer pelo bem-estar dos doentes oncológicos.
Nunca será demais salientar que, quer no caso dos doentes oncológicos, quer no caso de qualquer outra patologia, a Aromaterapia deve sempre caminhar de braço dado com a medicina convencional.
No caso concreto das doenças oncológicas, toda a abordagem da medicina convencional deve ser seguida à risca, sendo essa a condição base que, nos meus cursos de Aromaterapia, passo sempre aos meus alunos!
E se pudesse aliviar a dor com Óleos Essenciais?
Já lhe aconteceu fazer um bolo e lembrar-se de pessoas que lhe são queridas? Imagino que sim, o olfato é um poderoso sentido que consegue fazer-nos viajar no tempo e até visitar pessoas e lugares. Mas não fica por aqui: através do olfato, podemos beneficiar de efeitos terapêuticos altamente benéficos e comprovados.
Tendo a doença oncológica uma prevalência elevadíssima em Portugal, é urgente divulgar como através da Aromaterapia e dos óleos essenciais o doente oncológico consegue encontrar algum conforto, notar algumas melhorias e sentir-se com mais energia.
Renascer das cinzas
No início deste artigo falei-lhe na Amélia, recorda-se? Conheci a Amélia numa fase particularmente difícil da sua vida – a luta contra o malfadado cancro da mama. Uma vida agitada, dois filhos, viagens de trabalho resultaram num “tenho de ir ver o que se passa’’, “tenho mesmo de marcar’’ e o tempo passou. Apesar de sentir um alto na mama, a Amélia ignorou, deixou para depois. Errou, errou muito e a “bomba devastadora” de que falei acabou por explodir na sua casa: um cancro da mama. Seguiu-se uma cirurgia e dezenas de tratamentos de quimio e radioterapia. E foi aí que, por conselho de uma das enfermeiras da unidade de tratamentos oncológicos, a Amélia, em boa hora, se cruzou comigo.
As náuseas, a dor generalizada, o cansaço, as queimaduras e o desgaste físico e emocional eram as principais queixas de Amélia e onde era urgente intervir. Claro que, em casos destes, inevitavelmente avalio também a questão emocional. É praticamente impossível não tratar das dores da alma em casos de doença oncológica. Tal como mencionado no e-book, utilizei alguns óleos essenciais e óleos vegetais para minorar estes efeitos e para dar um “empurrão” à vitalidade da Amélia.
Semana após semana, chegava-me cada vez mais sorridente, cada vez mais determinada, cada vez mais enérgica. Já passaram cerca de três anos e ainda hoje recordo as palavras da Amélia quando terminámos as consultas de aconselhamento: ‘’Liliana, renasci das cinzas”. Está tudo dito. Obrigada, Amélia, por me teres ensinado tanto.
Para terminar, quero deixar uma mensagem de esperança a todos os doentes oncológicos. Existem muitas “Amélias”. Felizmente, já me cruzei e ajudei muitas a ultrapassar este caminho que não tem de ser (ainda mais) penoso. A Aromaterapia pode ajudar!
Leia o artigo completo na edição de maio 2021 (nº 316)
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