Não deixe que o stress excessivo faça parte da sua vida quotidiana. Se sente algum sintoma, atue com rapidez e corte o mal pela raiz. Existem muitos métodos e terapias que ajudam a levar uma vida mais saudável e equilibrada, mesmo com o ritmo de vida acelerado dos tempos modernos.
Parece ser a doença do nosso tempo e, na verdade, é tão familiar que quase não nos assusta. Falamos do stress, uma perturbação que pode afetar-nos física e psicologicamente e cujos efeitos tendem a transformar a vida quotidiana num autêntico inferno.
A jornada laboral foi esgotante: às 9h da manhã, esperavam-na uma mesa cheia de papéis até acima, mil tarefas pendentes do dia anterior, o telefone não parou de tocar o dia inteiro, toda a gente lhe pediu dados e informações e o chefe não lhe deu tréguas. Ao final da tarde, teve de ir buscar as crianças ao colégio, levá-las às atividades extra-escolares e, antes de ir para casa, passar pelo supermercado e pela lavandaria. Quando, por fim, chegou ao “lar doce lar”, iniciou-se a segunda parte da jornada: ajudar as crianças nos trabalhos da escola, pôr a casa em ordem, preparar o jantar… Entretanto, telefona a mãe ou uma amiga, que acaba por “roubar” uma boa meia hora. Quando dá por si, são 10h da noite e ainda não conseguiu ter um momento de relax. Está cansada e, também por isso, não consegue dormir descansadamente, com o que só agrava o seu estado. Um dia após outro a este ritmo origina sensação de rotina, cansaço e, por fim, stress.
Stress, saúde e comportamento
Dentro de certos limites, o stress é um facto absolutamente normal, útil e até mesmo necessário à vida, porque empurra o indivíduo para uma análise mais cuidadosa das suas necessidades e impele-o para a procura de soluções novas e alternativas.
No entanto, existe um stress nocivo e perigoso para a saúde, que conduz a estados de ansiedade, à depressão, a perturbações funcionais e à doença.
O stress nocivo – ou crónico – produz uma ampla gama de efeitos sobre o comportamento e sobre a saúde, embora as pessoas respondam de forma diferente a um mesmo tipo de estímulo. Um indivíduo pode, além disso, responder de maneira diferente a um mesmo estímulo, conforme as circunstâncias. Por exemplo, se um indivíduo estiver a atravessar uma fase particularmente delicada da sua vida, poderá viver o aumento de responsabilidades laborais como uma carga injusta, que se pode transformar numa causa de maior ansiedade. Pelo contrário, se esse mesmo indivíduo estiver a passar por uma fase mais calma, poderá encarar esse aumento de responsabilidades como um desafio positivo, para um crescimento profissional.
Embora uma lista dos efeitos do stress seja um tanto arbitrária, pode ser utilizada para compreender a variabilidade das respostas, perante os episódios stressantes. Vejamos:
Efeitos sobre a saúde – Entre os principais, contam-se: asma, dores no peito e nas costas, doenças coronárias, desmaios e vertigens, dispneia, dor de cabeça, diarreia, amenorreia, pesadelos, insónias, neurose e psicose, perturbações psicossomáticas, diabetes, eczema, úlcera, perda do desejo sexual e fraqueza.
Efeitos subjectivos – Ansiedade, agressividade, apatia, aborrecimento, depressão, cansaço, frustração, sentimentos de culpa, vergonha, irritabilidade, baixa autoestima, sensação de ameaça e tensão, solidão, incapacidade para tomar decisões e para se concentrar, amnésias frequentes, hipersensibilidade à crítica, bloqueios mentais.
Efeitos sobre o comportamento – Predisposição para o consumo de medicamentos, ataques de cólera, períodos de abatimento, excesso ou perda de apetite, consumo excessivo de álcool e tabaco, comportamento impulsivo, dificuldade em falar, intranquilidade e tremores.
Crises de ansiedade
No momento em que as situações que se nos colocam diariamente superam a nossa capacidade de as enfrentar e nos impedem de levar a cabo uma vida normal, encontramo-nos perante um estado de stress, o qual gera, por sua vez, crises de ansiedade e angústia. Quando chegamos a esta situação, há que instaurar um tratamento contra o stress, sem demora.
Mais de 15% da população sofre, pelo menos uma vez, ao longo da sua vida, uma perturbação de ansiedade, que consiste numa série de reações, tanto a nível físico como psíquico, reações essas intensas, frequentes e incontroláveis. Aos olhos do observador externo, as crises podem parecer excessivas e desproporcionadas para a causa que as desencadeou.
Quando estas sensações se produzem de forma continuada, convém consultar um especialista, porque seguramente que se está imerso numa preocupante crise de stress.
Stress laboral
Sem dúvida, o trabalho é uma das causas mais frequentes de stress, pois está demonstrado que o excesso de tensão, não só não aumenta o rendimento, como dificulta o trabalho em equipa e a vida familiar do afetado.
Dossiers amontoados, prazos para cumprir, uma pressão constante, instabilidade laboral, mau ambiente entre colegas, chefes autoritários, horários intermináveis: estas são algumas das causas que podem levar o trabalhador a sentir uma quase insustentável angústia, cada vez que tem de enfrentar um novo dia.
A Comissão Europeia, através da Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e Trabalho, realizou um estudo sobre o stress laboral, no qual concluiu, entre outras coisas, o seguinte: cerca de 28% dos trabalhadores europeus sofre de stress e 20% atinge o nível “burnout” – que significa, literalmente, “queimado”. Os elevados custos pessoais e sociais gerados pelo stress laboral deram lugar a que diversas organizações internacionais, como a União Europeia e a Organização Mundial de Saúde, insistam cada vez mais na importância da prevenção e controlo do stress no âmbito laboral.
Leia o artigo completo na edição de janeiro 2020 (nº 301)