São muitas as situações adversas perante as quais o organismo reage utilizando a ansiedade como meio de sobrevivência. No entanto, quando as pessoas se mostram incapazes de controlar essas circunstâncias não desejadas, a ansiedade deixa de ser um veículo útil de adaptação, para passar a constituir uma perturbação mental.

Sob condições normais, a ansiedade ajudam-nos a melhorar o rendimento e a adaptação ao meio social. Nenhuma reação do organismo humano acontece por acaso. A ansiedade, nesta perspetiva, tem a função de nos mobilizar perante situações que a mente considera, por alguma razão, preocupantes ou ameaçadoras.

A ansiedade poderia descrever-se como uma emoção saudável, que ajuda a enfrentar as situações conflituosas da vida, fazendo-nos reagir face aos problemas.

Contudo, há que distinguir entre a ansiedade fisiológica – um estado de tensão que acompanha uma situação particular e objetivamente perigosa – e a ansiedade patológica, que é uma desorganização momentânea do comportamento, que provoca a impossibilidade de enfrentar as situações, sem uma razão objetiva.

Medo, angústia ou ansiedade?

Os termos angústia, medo, nervosismo, insegurança, inquietação, tensão ou stress representam descrições de diferentes vivências relacionadas com a ansiedade. As palavras ansiedade, medo ou angústia, embora muitas vezes usadas como sinónimos, têm subtis diferenças quanto ao seu significado e origem:

  • O medo é uma reação normal face a perigos ou ameaças que veem do exterior e são claramente reconhecidos pelo indivíduo. Em oposição, a angústia surge como um sentimento aparentemente sem razão e, na maioria das vezes, independente das circunstâncias externas.
  • A angústia é, por isso, uma manifestação emocional caracterizada pelo medo face a uma ameaça desconhecida. Este temor contrapõe-se ao medo, que é mais concreto e definido. A angústia normal baseia-se em preocupações sobre um futuro imediato, que desaparecem ao resolverem-se os problemas. A palavra angústia provém de uma matriz grega, que significa constrição, sufoco ou opressão.
  • A ansiedade provoca um mal-estar físico e psíquico, caracterizado por uma sensação de inquietação, intranquilidade, insegurança ou desassossego, face ao que é vivido como uma ameaça iminente, mas que tem, na realidade uma causa indefinida. O termo provém do latim “anxietas”, que significa angústia ou aflição.

Todas estas emoções e sensações descritas podem ocorrer de forma separada ou simultânea e de maneira convencional. A Psiquiatria denomina estes sofrimentos como “perturbações por ansiedade”. Ao longo da vida, 15% da população apresenta estas perturbações.

Como saber se já é uma doença?

Se a preocupação ou ansiedade excessiva sobre assuntos diversos se prolonga durante vários meses, pode existir uma perturbação generalizada de ansiedade.

Como explicámos, a ansiedade é uma resposta do organismo, que nos ajuda na vida quotidiana, mas esta reação pode deixar de ser adaptativa, quando resulta claramente desproporcionada face a uma situação. É, então, que se passa a sofrer de ansiedade patológica.

Quando as alterações que o corpo humano experimenta, em momentos de ansiedade, são vividas como uma emoção negativa, muito desagradável e inclusive dolorosa, considera-se que se sofre de uma “perturbação generalizada de ansiedade”.

A ansiedade patológica corresponde a sensações difusas de angústia ou medo e desejo imediato de fugir, sem que o paciente consiga identificar claramente o perigo ou a causa do sentimento. Para receberem este rótulo, também é necessário que as sensações surjam de modo recorrente.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2025 (nº 356)