Cerca de 60 a 70 % das pessoas infetadas pelo vírus Zika não desenvolvem quaisquer sintomas e a doença é benigna na grande maioria dos casos. No entanto, o registo de complicações fetais fez com que a organização mundial de saúde lançasse um alerta de emergência sanitária. Devemos, de facto, preocupar-nos?
Artigo da responsabilidade do Dr. Vítor Laerte Pinto Júnior, Investigador no Instituto de Higiene e Medicina Tropical
O Zika é um flavivírus da mesma família da dengue e da febre amarela. A sua transmissão dá-se por meio da picada de mosquitos, nomeadamente o Aedes Aegypti, amplamente distribuído em regiões tropicais.
O vírus foi descrito pela primeira vez em 1947, numa floresta com o mesmo nome, situada no Uganda. A sua importância atual reside na rápida disseminação do vírus, nos últimos 10 anos, pela Ásia, Oceano Pacífico e, mais recentemente, nas Américas.
4 MILHÕES DE INFETADOS
É possível que cerca de 4 milhões de pessoas tenham sido infetadas em menos de um ano, o que tem vindo a verificar-se na prática com a disseminação da doença em locais onde há infestação de mosquitos transmissores. Outra preocupação é a transmissão ativa do vírus em territórios com infestação por outras espécies de mosquitos, como o Aedes Albopictus, estes mais adaptados aos climas temperados.
Em Portugal, existe o mosquito Aedes Aegypti na ilha da Madeira, onde inclusive já houve um surto de dengue. No Continente, não há relatos da presença de mosquitos deste género. No entanto, a pressão causada pelo grande fluxo de viagens e aumento de temperatura podem favorecer a entrada do mosquito em Portugal Continental, tornando indispensável a existência de uma estratégia que vise minimizar os riscos de adaptação do mosquito.
SINTOMAS LIGEIROS
Cerca de 60 a 70 % das pessoas infetadas pelo vírus Zika não desenvolvem quaisquer sintomas e a doença é benigna na grande maioria dos casos. Manifesta-se com febre, geralmente baixa, erupção cutânea associada a comichão e conjuntivite. O mal-estar e as dores articulares podem aparecer, mas são leves. Geralmente, este quadro pode durar cerca de 4 a 6 dias, muitas vezes não impedindo o indivíduo de trabalhar ou sem que sinta necessidade de procurar ajuda médica.
Não há tratamento ou vacina disponíveis e o diagnóstico é feito por meio de teste de deteção do RNA viral ou serologia (deteção de anticorpos produzidos pelo organismo).
Há, ainda, grande dificuldade em realizar-se o diagnóstico, nomeadamente em países onde ocorre a epidemia, uma vez que não há um kit comercial e existe a possibilidade de se confundir o resultado com outras doenças, como dengue ou febre-amarela.
Leia o artigo completo na edição de março 2016 (nº 259)
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