Síndrome de Sjögren. Uma doença reumática autoimune, pouco conhecida e ainda menos compreendida, aqui contada na primeira pessoa.
TERESA, 40 ANOS. Deixou de suportar as lentes de contacto que usava havia muitos anos. Acordava de noite com os olhos a picar, como se tivessem areia. O cansaço não a largava, nem as dores articulares difusas. Dar aulas tornou-se um tormento: os olhos não toleravam o giz, a boca secava ao falar alto, estar em pé deixava-a de rastos.
MARIA, 38 ANOS. A fadiga extrema impedia-a de ter rendimento no trabalho; as dores articulares variadas também. Ninguém compreendia o que tinha, ela também não. Os médicos diziam que era depressão; a família e o patrão desconfiavam que era só preguiça. Despedida, Maria não pôde reclamar porque o seu posto de trabalho foi extinto.
CRISTINA, 39 ANOS. Conserva o emprego graças à compreensão da empresa, que pertence à família. Mesmo assim, manter-se no ativo é difícil e não consegue continuar a assegurar todas as tarefas que faria caso fosse saudável, quer no trabalho, quer em casa, como mãe de dois adolescentes. A secura extrema dos olhos provoca-lhe úlceras na córnea. Só deseja voltar a sentir-se capaz de ter a vida normal.
RITA, 60 ANOS, PROFESSORA. A falta de saliva é o seu pior sintoma. Deixou de conseguir dar aulas. Esteve de baixa durante anos, aguardando uma reforma por incapacidade que tardou a chegar. Anos de incompreensão, de falta de solidariedade dos colegas, de idas a juntas médicas surreais até à reforma ser autorizada.
ANGELINA, 50 ANOS. Desempregada, após anos e anos de baixas repetidas. Apesar do diagnóstico, o médico de família não a referencia para consultas de especialidade; considera que a doença é apenas uma questão de secura das mucosas, desvalorizando as restantes queixas, como a fadiga, as dores, a falta de memória anormal para a idade.
Leia o artigo completo na edição de outubro 2016 (nº 265)