Quando falamos de obesidade, temos sempre de considerar dois pilares fundamentais: a prevenção da doença, reconhecida no nosso país como tal desde 2004, e o seu tratamento nas diferentes modalidades.

Artigo da responsabilidade do Dr. António Albuquerque. Vice-presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a obesidade como uma acumulação anormal ou excessiva de gordura corporal que pode atingir níveis capazes de afetar a saúde.

A obesidade ocorre quando o número de calorias ingerido é superior ao gasto, durante um período considerável de tempo. Quando isso acontece, as calorias são armazenadas no organismo sob a forma de massa gorda anormal ou excessiva.

Embora a obesidade envolva também fatores genéticos, a regra essencial para preveni-la e combatê-la é manter o gasto calórico do corpo igual ou superior à quantidade de calorias ingeridas. Para isso, uma dieta equilibrada e a prática de exercício são essenciais.

Prevenção, antes de mais

Quando falamos de obesidade, temos sempre de considerar dois pilares fundamentais: a prevenção da doença, reconhecida no nosso país como tal desde 2004, e o seu tratamento nas diferentes modalidades.

Nunca é demais relembrar que a obesidade é uma doença crónica, multifatorial e fator de risco para diversas outras doenças, como a diabetes tipo 2, a hipertensão arterial e o colesterol aumentado. E o que é que pode ser feito, do ponto de vista individual, para prevenir uma doença que afeta já quase 1/3 da população portuguesa?

A prevenção da obesidade no dia a dia pode e deve começar pela implementação de hábitos que devem começar em casa.

Quando a obesidade já está estabelecida

Quando a doença já está estabelecida, o tratamento da obesidade depende de vários fatores, tais como o grau da doença ou a presença, ou não, de patologias associadas.

Claro que as primeiras e mais permanentes medidas a serem implementas são a reeducação alimentar e a prática de exercício físico. Deve ser instituído um padrão de refeições correto, com uma dieta hipocalórica equilibrada e adaptada a cada pessoa.

A prática regular de exercício físico, por seu lado, vai contribuir para a perda de peso e massa gorda, a preservação ou aumento da massa muscular, o aumento da resistência e a melhoria da mobilidade para a realização das rotinas diárias.

Nalguns casos, e com um papel complementar às medidas referidas, o tratamento da obesidade passa pela prescrição de alguns fármacos, sempre orientados em sede de uma equipa multidisciplinar que inclua o Endocrinologista.

É importante salientar que a utilização isolada de medicamentos não é considerada uma opção adequada para se perder peso e conseguir mantê-lo.

Nos casos mais graves

Noutros casos, de acordo com a gravidade da doença, podem estar indicados alguns procedimentos endoscópicos, como a ocupação de espaço do estômago por um balão colocado no seu interior, medida sempre temporária, ou a redução do estômago por endoscopia, designada por gastroplastia endoscópica ou endosleeve, e que está indicada para os casos de obesidade ligeira.

Nos casos de obesidade grave ou com doenças associadas em que podem surgir complicações que colocam a vida em risco, o tratamento passa pela cirurgia, designada por cirurgia bariátrica. Esta permite aos doentes uma melhoria da saúde e da qualidade de vida. Implica, tal como nas outras intervenções terapêuticas, um seguimento médico periódico e a manutenção de um estilo de vida saudável.

Leia o artigo completo na edição de março 2023 (nº 336)