A maioria dos homens com diagnóstico de cancro da próstata e recomendação de tratamento são incentivados pelos parceiros ou esposas a encontrarem informações mais detalhadas e a explorarem as alternativas disponíveis.

Artigo da responsabilidade do Dr. Sanches Magalhães, médico especialista em Urologia do Instituto de Terapia Focal da Próstata

 

 

Dada a natureza da doença e dos efeitos secundários de algumas formas de tratamento mais radicais, esposas e parceiros são afetados de várias maneiras e acabam por experimentar os seus próprios desafios emocionais e físicos, como resultado do diagnóstico de cancro da próstata. É provável que existam mudanças significativas nos relacionamentos íntimos, pois o cancro da próstata acaba por afetar a saúde mental, sexual e urinária das pessoas diagnosticadas.

É importante trazer os parceiros para o processo de aquisição de informações. Um dos grandes erros que os homens cometem, quando recebem um diagnóstico de cancro da próstata e ao não saberem o que fazer, é a decisão de não partilharem nenhuma informação até saberem mais. O que acontece normalmente é o surgimento de um ambiente muito stressante na vida privada.

Existem recursos disponíveis para esposas e parceiros poderem ser parte ativa do processo. Os homens beneficiam principalmente da partilha de experiências de outros homens e respetivos parceiros, acima de tudo por terem a oportunidade de envolver os outros, quando estiverem mental e emocionalmente preparados.

Na comunidade de pacientes do Instituto de Terapia Focal da Próstata, constato que, após o diagnóstico inicial de cancro da próstata, os parceiros são a principal fonte de calma e de estabilidade na procura de mais informações.

Muitas vezes, as conversas entre parceiros concentram-se principalmente na doença e na sua gestão e menos nos efeitos secundários do tratamento e no que isso significa em termos de eventuais efeitos negativos ou no impacto nos relacionamentos. É aqui que o aconselhamento profissional pode realmente ajudar um casal a explorar o balanço entre a gestão da doença e a saúde sexual, e o que isso significa para o bem-estar e para as necessidades sexuais de cada indivíduo.

A ferramenta do diálogo, associada ao aconselhamento feito por profissionais, é algo que deve ser natural para os homens recém-diagnosticados com cancro da próstata e para os seus parceiros. Uma discussão básica sobre sexualidade e intimidade é importante e muitas vezes esclarecedora para questões pré-existentes. Na minha experiência, os parceiros ficam muito satisfeitos em poderem ter uma voz ativa no processo.

A educação pré-tratamento e o apoio pós-tratamento, para os homens e respetivos parceiros, são fundamentais para o regresso à atividade sexual após o cancro da próstata. Esse regresso à atividade sexual será assim mais rápido e a ligação não será perdida por demasiado tempo. Quanto mais tempo demorar esse regresso, mais difícil será.