A andropausa continua a ser uma grande desconhecida, porque o problema reside em determinar se estamos perante um processo natural de envelhecimento fisiológico ou diante uma síndroma de défice hormonal, que urge submeter a tratamento, para melhorar a qualidade de vida do homem.

Para os médicos, a dificuldade está em definir se a diminuição da secreção hormonal de testosterona é um processo natural do homem – acontece a todos, no intervalo etário dos 40 aos 60 anos – ou se essa mesma diminuição arrasta consigo sintomas desconfortáveis, causados por um decréscimo anormal de testosterona.

Além disso, a maior parte dos homens não se apercebem do papel que a testosterona representa na sua saúde e pouco sabem sobre os sintomas da testosterona baixa.

É, por vezes, esta falta de informação que leva muitos homens a estados depressivos profundos, porque não percebem que a fase que atravessam tem tratamento e que nada no seu corpo, principalmente a nível sexual, é definitivo e incurável.

Importância da testosterona

O que o homem vive, com o início da andropausa, não se pode comparar com as transformações físicas e psíquicas que sucedem à mulher. Enquanto nesta a produção de estrogénio e progesterona cessa por completo, iniciando-se o processo de menopausa, o homem não sofre modificações hormonais brutais e pode procriar até ao fim da vida.

A principal causa desta evolução é a testosterona, ou melhor, os níveis desta hormona, os quais, baixando progressivamente com a idade, provocam altos e baixos no organismo do homem.

Mais de 90% da testosterona é produzida nos testículos. É pela ação da testosterona que o feto desenvolve a genitália externa masculina invés da feminina, assim como os órgãos reprodutores internos, como a próstata e os próprios testículos. Essa diferenciação é determinada pela presença do cromossoma Y, que caracteriza o sexo masculino.

Já na puberdade, é a testosterona que decide a metamorfose física e psíquica da criança em adolescente, pelo desenvolvimento das características físicas que diferenciam o corpo do homem do corpo feminino adulto e que são chamadas de características sexuais secundárias. Algumas dessas características são o aumento da massa muscular, a distribuição típica de pelos, inclusive da barba, o desenvolvimento e o crescimento do pénis e dos testículos e também das cordas vocais, o que torna a voz masculina mais grave.

Já em adulto, a testosterona incide sobre muitas funções sexuais, como a libido, a ereção e a fertilidade. Por outro lado, esta hormona é vital para a saúde física geral do homem e para o bom funcionamento do organismo como um todo, já que age em vários outros sistemas do corpo humano e não apenas no sexual, como músculos, gordura e sistema nervoso central. A testosterona tem também uma influência decisiva sobre o humor e a sensação de bem-estar do indivíduo.

DIMENSÃO FÍSICA E PSICOLÓGICA

Apesar de o défice hormonal ser motivo de perda de potência sexual e, também, de perda de massa muscular e de diminuição da fertilidade, o decréscimo da produção de testosterona tem de ser avaliado em função da idade e das consequências que produz. Aliás, quando esse défice hormonal surge numa idade jovem, não se pode chamar de andropausa, mas sim de hipogonodismo. Apesar de ambas serem perturbações hormonais, o hipogonodismo é já considerada uma patologia, pois acontece numa altura em que a produção hormonal deve ser plena.

O que se pode dizer é que a andropausa surge, normalmente, entre o intervalo etário dos 40 aos 60 anos (naturalmente que varia de homem para homem) e que, se nas mulheres a menopausa representa a terceira fase da vida, nos homens acontece uma ligeira mudança, como que uma segunda fase.

No entanto, a andropausa implica alterações hormonais, fisiológicas e químicas que afetam todos os aspetos da vida de um homem, sendo por isso uma condição física com dimensões psicológicas, interpessoais e sociais.

Leia o artigo completo na edição de novembro 2024 (nº 354)