O selénio pode ser um aliado importante na luta contra o cancro, ao lado de outras estratégias nutricionais e terapêuticas.
O selénio, um mineral essencial, tem demonstrado desempenhar um papel importante na prevenção de vários tipos de cancro, incluindo o cancro do pâncreas, da mama e colorretal. Vários estudos internacionais indicam que a ingestão adequada de selénio pode reduzir o risco de aparecimento e recorrência de certos tipos de cancro, além de melhorar as hipóteses de sobrevivência.
REDUÇÃO DO RISCO DE DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA
No estudo VITAL1, realizado com 77.446 norte-americanos, o selénio foi identificado como o único antioxidante entre sete analisados (incluindo betacaroteno, licopeno, vitaminas C e E) que diminuiu diretamente o risco de cancro pancreático. Após 7 anos de acompanhamento, os investigadores verificaram que a ingestão deste mineral está associada a uma significativa redução no risco de desenvolvimento da doença.
A crescente preocupação com a diminuição do consumo de selénio na Europa, especialmente em regiões com solos pobres em selénio, como os países do Norte, reforça a importância de aumentar a ingestão desse mineral, seja por meio de alimentos ou suplementos.
PROBABILIDADE DE SOBREVIVÊNCIA AUMENTADA EM 31%
Outro estudo sueco2, publicado no Breast Cancer Research and Treatment, revelou que mulheres com níveis elevados de selénio antes do diagnóstico de cancro da mama apresentaram uma probabilidade de sobrevivência aumentada em 31%, em comparação com as que consumiam menores quantidades deste mineral. O estudo apontou que a ingestão insuficiente de selénio, inferior a 25 microgramas/dia, pode estar associada a uma taxa de mortalidade mais elevada, sugerindo que o consumo adequado do mineral pode ter efeitos protetores em casos de cancro da mama.
EFEITO PREVENTIVO DURADOURO
No caso do cancro colorretal, investigadores italianos estudaram o efeito da levedura de selénio combinada com zinco e vitaminas em pacientes que já haviam removido pólipos intestinais. O estudo3, realizado ao longo de 5 anos, mostrou uma redução de 50% na recorrência de adenomas no cólon entre os que tomaram o suplemento, com um efeito protetor prolongado até 15 anos após o fim da suplementação. Esses resultados sugerem que a suplementação com antioxidantes como o selénio pode ter um efeito preventivo duradouro contra a recorrência do cancro colorretal.
SUPLEMENTAÇÃO NO DOENTE ONCOLÓGICO
Em pacientes oncológicos, especialmente em estágios iniciais, o aumento da ingestão do mineral selénio pode contribuir para melhorar a resposta ao tratamento e a qualidade de vida.
No entanto, como qualquer suplemento, a sua utilização deve ser supervisionada por profissionais de saúde, para garantir a dose adequada e evitar interações com outros tratamentos.
O selénio pode, assim, ser um aliado importante na luta contra o cancro, ao lado de outras estratégias nutricionais e terapêuticas.
O que é o selénio?
O selénio é um mineral que as plantas absorvem do solo, passando para os animais e humanos. Devido aos baixos níveis de selénio nos solos agrícolas europeus, a população consome quantidades insuficientes deste mineral.
O selénio entra na constituição de importantes proteínas, chamadas de selenoproteínas, que são fundamentais para uma vida saudável.
Este mineral está presente no peixe, frutos secos, fígado, rins e cereais integrais, e também pode ser tomado sob forma de suplemento alimentar.
Estudos demonstram que o selénio sob forma de levedura (selénio orgânico) tem maior biodisponibilidade. Pergunte ao seu médico ou nutricionista.
Fontes:
1 Han et al., Antioxidant Intake and Pancreatic Cancer Risk. Cancer 2012 Dec 21. doi: 10.1002/cncr.27936. [Epub ahead of print] European Food Council
2 Harris HR, et al. Selenium intake and breast cancer mortality in a cohort of Swedish women. Breast Cancer Res Treat. 2012;134:1269-77.
3Antioxidant supplement and long-term reduction of recurrent adenomas of the large bowel. A double-blind randomized trial; Luigina Bonelli • Matteo Puntoni • Beatrice Gatteschi • Paolo Massa • Guido Missale • Francesco Munizzi • Laura Turbino • Vincenzo Villanacci • Andrea De Censi • Paolo Bruzzi. J Gastroenterol. DOI 10.1007/s00535-012-0691-z
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