Numerosos estudos científicos comprovam os benefícios do exercício físico nas diversas fases do cancro da mama. Vamos descobrir de que forma.
Artigo da responsabilidade da Profª Ana Ricardo. Mestre em Exercício e Saúde FMH. Personal Trainer e Group Trainer do Holmes Place Tejo; e
Dra. Tayrine Filgueira. Personal Trainer do Holmes Place Tejo, com doutoramento em Biologia Aplicada à Saúde
O exercício físico é uma terapia coadjuvante essencial e com benefícios comprovados em todas as fases do cancro da mama: da pré-habilitação (antes do tratamento ativo), passando pela habilitação (durante cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia), até à sobrevivência (após o fim do tratamento).
O exercício físico reduz a fadiga, melhora a qualidade de vida, preserva a aptidão cardiorrespiratória e a força, ajuda a gerir o peso e a composição corporal, é seguro face ao linfedema quando bem prescrito e associa-se a um melhor prognóstico. Diretrizes internacionais recomendam uma combinação de treino aeróbio e de força, progressiva e adaptada ao estado clínico de cada pessoa.
EXERCÍCIO FÍSICO NA PREVENÇÃO PRIMÁRIA
A prática regular de atividade física desempenha papel importante na prevenção primária do cancro da mama. Estudos científicos mostram que mulheres fisicamente ativas apresentam risco 20 a 25% menor de desenvolver cancro de mama, em comparação com as sedentárias.
O efeito protetor parece ser mediado por múltiplos mecanismos: regulação hormonal (redução dos níveis circulantes de estrogénio e insulina), menor inflamação crónica de baixo grau, manutenção de peso corporal saudável e melhoria da função imunológica.
Assim, o movimento deve ser visto como uma estratégia de saúde pública essencial, tanto para reduzir a incidência do cancro da mama como para promover o bem-estar global ao longo da vida.
DURANTE O TRATAMENTO
Pré-habilitação: preparar o corpo para o tratamento
Entrar no bloco cirúrgico ou iniciar quimioterapia com melhor capacidade física e respiratória traduz-se, em geral, numa recuperação mais rápida e com menos complicações. Revisões sistemáticas com meta-análises em cancro, incluindo séries específicas em cancro da mama, mostram que programas de pré-habilitação (aeróbio + força + educação respiratória/funcional) melhoram os marcadores físicos e psicológicos e podem reduzir os eventos pós-operatórios.
Habilitação durante o tratamento: mover-se é parte do cuidado
Durante a quimioterapia, radioterapia e/ou hormonoterapia, o exercício físico reduz a fadiga relacionada com o cancro, melhora a qualidade de vida e ajuda a manter a aptidão cardiorrespiratória e a força muscular. Meta-análises recentes em cancro da mama confirmam o efeito moderado do exercício na fadiga, com melhores resultados quando realizado, pelo menos, 3 vezes por semana, 30 a 60 min por sessão, e mantido por mais de 6 meses.
Programas combinados (aeróbio + força) tendem a superar modalidades isoladas. Mas principalmente, outras evidências mostram que o exercício pode apoiar a execução do plano de quimioterapia (melhor dose-intensidade relativa) ao mitigar toxicidades (embora os resultados variem entre estudos e não sejam universais).
Sobrevivência: exercício como “medicação” de longo prazo
Após o término do tratamento, manter-se ativo associa-se a uma melhor sobrevivência global e menor mortalidade específica por cancro da mama. Em grandes cortes e meta-análises, níveis de atividade recreativa pós-diagnóstico (150 a 300 minutos por semana, de atividade moderada) ligam-se a reduções relevantes do risco de morte (estimativas típicas: 14–30%), dependendo da dose e do estudo.
Além disso, programas de exercício físico combinados (aeróbio + força) continuam a oferecer as maiores melhorias em qualidade de vida e fadiga, e a comunicação ativa sobre exercício entre a equipa de saúde e os sobreviventes aumenta a adesão e os resultados percebidos.
Descubra os exercícios na edição de outubro 2025 (nº 364)
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