
O exercício físico é uma terapia coadjuvante essencial e com benefícios comprovados em todas as fases do cancro da mama: da pré-habilitação (antes do tratamento ativo), passando pela habilitação (durante cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia), até à sobrevivência (após o fim do tratamento).
O exercício físico reduz a fadiga, melhora a qualidade de vida, preserva a aptidão cardiorrespiratória e a força, ajuda a gerir o peso e a composição corporal, é seguro face ao linfedema quando bem prescrito e associa-se a um melhor prognóstico. Diretrizes internacionais recomendam uma combinação de treino aeróbio e de força, progressiva e adaptada ao estado clínico de cada pessoa.
EXERCÍCIO FÍSICO NA PREVENÇÃO PRIMÁRIA
A prática regular de atividade física desempenha papel importante na prevenção primária do cancro da mama. Estudos científicos mostram que mulheres fisicamente ativas apresentam risco 20 a 25% menor de desenvolver cancro de mama, em comparação com as sedentárias.
O efeito protetor parece ser mediado por múltiplos mecanismos: regulação hormonal (redução dos níveis circulantes de estrogénio e insulina), menor inflamação crónica de baixo grau, manutenção de peso corporal saudável e melhoria da função imunológica.
Assim, o movimento deve ser visto como uma estratégia de saúde pública essencial, tanto para reduzir a incidência do cancro da mama como para promover o bem-estar global ao longo da vida.
DURANTE O TRATAMENTO
Pré-habilitação: preparar o corpo para o tratamento
Entrar no bloco cirúrgico ou iniciar quimioterapia com melhor capacidade física e respiratória traduz-se, em geral, numa recuperação mais rápida e com menos complicações. Revisões sistemáticas com meta-análises em cancro, incluindo séries específicas em cancro da mama, mostram que programas de pré-habilitação (aeróbio + força + educação respiratória/funcional) melhoram os marcadores físicos e psicológicos e podem reduzir os eventos pós-operatórios.
Habilitação durante o tratamento: mover-se é parte do cuidado
Durante a quimioterapia, radioterapia e/ou hormonoterapia, o exercício físico reduz a fadiga relacionada com o cancro, melhora a qualidade de vida e ajuda a manter a aptidão cardiorrespiratória e a força muscular. Meta-análises recentes em cancro da mama confirmam o efeito moderado do exercício na fadiga, com melhores resultados quando realizado, pelo menos, 3 vezes por semana, 30 a 60 min por sessão, e mantido por mais de 6 meses.
Programas combinados (aeróbio + força) tendem a superar modalidades isoladas. Mas principalmente, outras evidências mostram que o exercício pode apoiar a execução do plano de quimioterapia (melhor dose-intensidade relativa) ao mitigar toxicidades (embora os resultados variem entre estudos e não sejam universais).
Sobrevivência: exercício como “medicação” de longo prazo
Após o término do tratamento, manter-se ativo associa-se a uma melhor sobrevivência global e menor mortalidade específica por cancro da mama. Em grandes cortes e meta-análises, níveis de atividade recreativa pós-diagnóstico (150 a 300 minutos por semana, de atividade moderada) ligam-se a reduções relevantes do risco de morte (estimativas típicas: 14–30%), dependendo da dose e do estudo.
Além disso, programas de exercício físico combinados (aeróbio + força) continuam a oferecer as maiores melhorias em qualidade de vida e fadiga, e a comunicação ativa sobre exercício entre a equipa de saúde e os sobreviventes aumenta a adesão e os resultados percebidos.
Leia o artigo completo e veja os exercícios na edição de outubro 2025 (nº 364)














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