As doenças cardiovasculares são as que mais matam em Portugal. Conhecer e analisar os fatores desencadeantes permite determinar se as artérias estão em perigo. Um alerta a propósito do Dia Mundial da Saúde.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte (e de doença grave incapacitante) em Portugal, sendo responsáveis por cerca de 1/3 de todas as mortes. Ao contrário dos restantes países da Europa Ocidental (com exceção da Grécia), em Portugal a principal doença cardiovascular é o acidente vascular cerebral (AVC), que representa cerca de 2/3 de todas as mortes por doenças deste foro.

ESTILOS DE VIDA POUCO SAUDÁVEIS

Atualmente é inquestionável que as doenças cardiovasculares são fundamentalmente consequência dos chamados fatores de risco vascular, que incluem a hipertensão arterial, o aumento dos lípidos plasmáticos (colesterol e triglicéridos), o aumento da glicose (diabetes), o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, o excesso de peso e a obesidade, isto é, são consequência de estilos de vidas pouco saudáveis.

Destes estilos de vida inadequados, destacam-se uma alimentação fortemente errada, com ingestão excessiva de sal, de hidratos de carbono (farináceos), de gorduras, de carnes vermelhas e, de uma forma geral, com demasiadas calorias e uma reduzida ingestão de frutas, vegetais, peixe, para além de um marcado sedentarismo.

FATORES DE RISCO

Os fatores de risco são condições cuja presença num dado indivíduo aumenta a probabilidade de aparecimento de doença cardiovascular e contribui para o seu desenvolvimento. Analisar os fatores de risco, um a um, indivíduo a indivíduo, permite determinar se as suas artérias estão sob ameaça.
Os fatores de risco cardiovascular podem ser classificados em dois tipos: modificáveis e não modificáveis.

MODIFICÁVEIS – São aqueles sobre os quais, numa perspetiva de prevenção, podemos intervir e corrigir. Incluem:

  • tabagismo;
  • hipertensão arterial;
  • dislipidemia (colesterol elevado);
  • diabetes;
  • excesso de peso/obesidade;
  • sedentarismo;
  • stress;
  • consumo excessivo de álcool.

Um estilo de vida saudável tem uma influência positiva em todos estes fatores de risco.

NÃO MODIFICÁVEIS – Já os fatores de risco não modificáveis, não são passíveis de intervenção. Dizem respeito a:

  • idade;
  • sexo;
  • história pessoal e familiar de doença cardiovascular.

EFEITO SINÉRGICO

É de realçar que estes fatores interagem e potenciam-se, tendo a sua associação um efeito sinérgico, aumentando de forma considerável a probabilidade de surgimento de doença cardiovascular.
É, assim, importante um seguimento regular por parte do médico assistente, de forma que seja feita uma avaliação do risco cardiovascular global, tendo em consideração a presença concomitante destas condições, e estabelecido um plano de intervenções individualizado que favoreça o controlo de todos os fatores de risco modificáveis.

Leia o artigo completo na edição de abril 2023 (nº 337)