O regresso ao trabalho pode ser fonte de desânimo, ansiedade e desorientação. Para enfrentar de novo a rotina, o segredo está em colocar mente e corpo em ordem.

 

Dores de cabeça, cansaço profundo, taquicardia, insónias e até problemas do foro intestinal são alguns dos sintomas da depressão pós-férias, a forma mais agravada do stress que afeta alguns de nós no momento de deixar o descanso para trás. Apesar deste distúrbio psicossomático atingir uma pequena fatia da população – alguns psicólogos e psiquiatras consideram mesmo que este tipo de depressão, enquanto tal, não existe, que a fadiga está associada a alterações somáticas difíceis de diagnosticar – a verdade é que a maioria se depara, em maior ou menor grau, com algum desalento no momento de enfrentar novamente a rotina e os compromissos.

Para evitar esta melancolia, importa adotar algumas medidas, em particular se o seu emprego é emocional e/ou fisicamente exigente. Falamos de “estratégias” mentais, mas também de cuidados físicos que, além de ajudarem a reparar os “estragos” do verão, contribuem para alimentar o bem-estar, fundamental quando nos sentimos sem motivação nem energia.

Pense já nas próximas férias

Nada eleva mais o estado de espírito do que começar já a planear as férias seguintes. Mas se estas  estão marcadas para só daqui a um ano, a sua frustração face ao retorno laboral tende a disparar consideravelmente.

Se lhe for possível, divida as férias, no mínimo, em dois períodos. O segredo está no equilíbrio: se o período for demasiado grande, dificulta o regresso à realidade e esgota a possibilidade de novas férias para breve; se for muito pequeno, não dá tempo para se alienar do stress do dia a dia.

Se o mapa das férias for bem estipulado ao longo do ano – com dias livres aqui e ali para “esticar” alguns fins de semana – conseguirá evitar excesso de cansaço. Este é, aliás, outro fator a ter em conta: evite tirar férias só quando se sentir à beira do limite. Quando assim é, corremos o risco de o stress viajar connosco e de não conseguirmos desligar as ideias. Antes de ir, deixe tudo organizado. Deste modo, evitará passar as férias a pensar naquilo que ainda lhe falta fazer.

Volte uns dias antes

Se for para fora, procure regressar, pelo menos, dois dias antes, de modo a poder habituar-se à rotina gradualmente. E porque não começar a trabalhar a meio da semana, por exemplo a uma quarta-feira? Deste modo, evita ter de enfrentar cinco dias de uma vez – se a primeira semana for mais curta, a ansiedade e o stress serão menores.

Lembre-se que o seu corpo rege-se por um ritmo próprio, uma espécie de relógio interior que regula o funcionamento do organismo segundo períodos de atividade.

Não mergulhe de cabeça no trabalho

Se à sua espera estão pilhas de documentos, tarefas e compromissos, respire fundo. Em primeiro lugar, de nada adianta começar a desesperar com a montanha de trabalho que tem pela frente. Não tente fazer tudo nos primeiros dias – além de a sua produtividade ainda ser muito reduzida, por ter estado algum tempo parado, estará a depositar pressão acrescida sobre si mesmo. Faça uma tarefa de cada vez, comece pelas mais simples e procure falar com os seus colegas e superiores de modo a perceber quais devem ser as suas prioridades. Ao envolver-se gradualmente no trabalho, não correrá o risco de se sentir “engolido”.

Pensamento positivo

As férias podem fazer-nos esquecer o que mais apreciamos naquilo que fazemos. Aproveite para refletir sobre o melhor que a sua profissão e o seu emprego lhe oferecem – seja realização pessoal, bons colegas ou remuneração atrativa. Concentre-se nos pontos positivos e verá como é mais fácil ultrapassar qualquer desconforto associado ao regresso. Está cientificamente provado que a nossa predisposição mental tem um impacto direto sobre a forma como vivemos determinadas experiências.

Desafie-se

Aproveite a “rentrée” para experimentar algo novo que ansiava há muito, seja fazer um curso de culinária ou começar a praticar desporto. Deste modo, estará a evadir-se mentalmente e a recriar sensações que tantas vezes experimentou durante as férias, altura em que somos bombardeados com impressões e informações pouco familiares, responsáveis por fazer disparar o nosso entusiasmo. A rotina faz-nos, de certo modo, esquecer este estado de espírito, pelo que só precisa de contrariá-la para conseguir o tão desejado “efeito férias”.

Mais horas de sono

O sono é o mais sacrificado durante as férias, altura em que vivemos numa certa anarquia de horários. Durante este período, os efeitos não se fazem notar, mas o ritmo do trabalho põe a nu os malefícios que advêm de dormir pouco. Procure dormir entre sete a oito horas para descansar bem e manter as ideias em ordem – quando raciocinamos com clareza relativizamos tudo o que se passa à nossa volta.

Estado de espírito passageiro

A primeira semana pode parecer-lhe penosa e difícil de ultrapassar, mas a verdade é que o seu estado de espírito durante os primeiros cinco dias não passa de uma sensação passageira. Assim que recuperar a produtividade – percebendo como se sente preenchido quando está ativo e envolvido num projeto – irá sentir-se novamente cheio de energia e motivado para abraçar novos desafios.

No entanto, se está descontente com o seu emprego, tenha cuidado: evite precipitar-se e tomar decisões sérias logo após as férias, pois o mais certo é que o seu discernimento ainda esteja toldado pela desorientação do regresso.

Invista em si

Ocupe-se com o seu bem-estar e verá como se torna bem mais fácil envolver-se novamente na realidade da sua vida. A verdade é que a maioria das pessoas aproveita as férias para se alienar – e bem – de tudo: dos compromissos, da alimentação saudável, do exercício físico. Se tem o hábito de ir ao ginásio ou de caminhar ao final do dia, procure recuperá-lo logo na primeira semana de trabalho, de modo a sentir que está, aos poucos, a readaptar-se ao seu quotidiano.

E se o pânico se instalar

Para ser considerado síndrome ou depressão pós-férias, é necessário que a tristeza associada ao regresso ao trabalho seja acompanhada de sintomas físicos específicos que condicionem o próprio quotidiano. Só quando os sintomas perduram durante os 15 dias posteriores ao início da vida laboral é que existem motivos para alarme. Neste caso, não se trata apenas do medo do regresso – um sentimento que, dizem os especialistas, está intrinsecamente ligado à liberdade que as férias proporcionam – mas, antes, de uma condição psicológica que exige acompanhamento profissional, dado que a síndrome pode ser o sinal de uma problemática latente que importa abordar com urgência.

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