Um estudo com 2 mil adultos descobriu que quase metade dos homens não sabe onde está a próstata e 78% também desconhece os sintomas que podem indicar problemas.  As mulheres estão 27% mais predispostas a conhecer os sinais que devem ser observados nos homens.

 

Um estudo descobriu que mais de três quartos dos homens inquiridos (76%) desconhecem todos os sinais potenciais de um cancro da próstata, com um quarto (25%) a não conseguirem apontar quaisquer sintomas. Mais ainda, praticamente metade dos homens não sabem localizar a próstata.

O Dr. José Sanches de Magalhães, fundador e diretor do Instituto de Terapia Focal da Próstata e médico no IPO do Porto, sublinha que “a informação é crucial neste tipo de situações. Há uma significativa falta de conhecimento acerca da próstata e sobre as suas doenças, o que pode levar a um atraso na obtenção de ajuda. Os homens devem preocupar-se ativamente com a sua saúde e, se tiverem alguma suspeita ou necessitarem de informação, podem e devem consultar o seu urologista”.

Ainda de acordo com o mesmo estudo, os homens que abordam o tópico com amigos ou familiares são quatro vezes mais propensos a reconhecer os sintomas (31% vs 8%) e têm duas vezes mais probabilidade de receber um diagnóstico precoce de cancro (83% vs 43%). As barreiras mais comuns que impedem os homens de abordar o tema são o constrangimento, devido à natureza dos sintomas (46%), e não quererem que as pessoas se preocupem com eles (16%).

Surpreendentemente, as mulheres – que não têm próstata – estão 27% mais predispostas a conhecer os sinais que devem ser observados nos homens. Mais ainda, um terço (34%) dos homens que receberam um diagnóstico de cancro da próstata admitiu que foi o parceiro quem deu o alarme e 35% afirmaram que foi o parceiro quem os convenceu a ir ao médico.

Apesar de 86% dos homens estarem cientes de que um diagnóstico precoce pode salvar vidas, 36% demoraram a procurar aconselhamento. Na verdade, mais de um terço (39%) dos homens que receberam um diagnóstico de cancro da próstata disse que foi preciso ver alguém que conheciam ser diagnosticado, para decidir consultar um médico.

O estudo em questão foi publicado em 2021 e elaborado no Reino Unido pela GenesisCare e pela Prostate Cancer Research.

Já de acordo com os dados disponibilizados pela American Cancer Society, aproximadamente um em cada oito homens será diagnosticado com cancro da próstata, ao longo da sua vida. A idade média dos homens no momento do diagnóstico ronda os 66 anos e cerca de 6 em cada 10 casos diagnosticados ocorrem em homens com 65 anos ou mais.

Apesar de ser raro em homens com menos de 40 anos, e de a sua deteção precoce aumentar significativamente a probabilidade de sobrevivência, o cancro da próstata é ainda assim a segunda principal causa de morte por cancro em homens norte-americanos, apenas atrás do cancro do pulmão.

“A medição anual do PSA e a palpação prostática através do toque retal devem ser feitas anualmente, entre os 55 e os 70 anos. Nos homens com risco elevado, nomeadamente com história familiar de cancro da próstata, o rastreio deve ser iniciado dez anos mais cedo, aos 45 anos”, indica Sanches Magalhães.

De uma forma geral, os homens (assim como as mulheres) devem estar vigilantes em relação a eventuais alterações no seu corpo, principalmente em relação aos seguintes sintomas:

  • Espessamento, massa ou “uma elevação” na mama ou em qualquer outra parte do corpo;
  • Aparecimento de um sinal novo ou alteração num sinal já existente;
  • Ferida que não cicatriza;
  • Rouquidão ou tosse que não desaparece;
  • Alterações relevantes na rotina intestinal ou da bexiga;
  • Desconforto depois de comer;
  • Dificuldade em engolir;
  • Aumento ou perda de peso sem motivo aparente;
  • Hemorragia ou qualquer secreção anormal;
  • Sensação de fraqueza ou extremo cansaço.

“A informação e o diagnóstico precoce podem levar a maiores opções de tratamento e a melhores resultados”, alerta o médico, que é um dos pioneiros de uma técnica inovadora no nosso país no tratamento do cancro da próstata, o NanoKnife.

Este é um tratamento focal guiado por tecnologia de fusão de imagens de ressonância magnética (RMN) e ecografia que destrói as células cancerígenas sem danificar os tecidos envolventes e preservando as funções da glândula.