Um quarto dos europeus afirma saber exatamente o que significa o conceito economia circular. E os dados apontam que um número ainda maior a considera bem desenvolvida no seu país, sublinhando o facto de estar a evoluir de forma positiva e benéfica, tal como as práticas que engloba. São algumas das conclusões do Barómetro Europeu do Consumo Cetelem 2022.
Em Portugal, 26% dos inquiridos consideram que a economia circular está bem desenvolvida no país. Embora 36% dos inquiridos europeus tenham, em média, também a mesma opinião, o número não reflete as significativas disparidades geográficas. Nos países do Norte é onde encontramos aqueles que são mais rápidos a afirmar que a economia circular está bem desenvolvida nos seus países, nomeadamente, no Reino Unido e na Noruega, onde 1 em cada 2 inquiridos expressa esta opinião. Os inquiridos a Sul são menos propensos a fazê-lo, com os búlgaros a revelarem-se particularmente céticos (6%).
Consumidores mais conscientes e comprometidos
A consciencialização demonstrada pelos consumidores europeus em relação à economia circular é igualmente uma fonte de esperança para o seu desenvolvimento nos próximos anos, com 6 em cada 10 a acreditarem estar bem informados ou muito bem informados sobre o tema. No caso dos inquiridos em Portugal são 64% que dizem estar bem informados, colocando o país na média europeia. Os três países nórdicos destacam-se como sendo claramente os mais conhecedores (7 em 10). Por sua vez, os países da Europa de Leste também formam um grupo bastante homogéneo, mas menos conscientes, com os búlgaros a emergir como os europeus menos informados (apenas um pouco menos de 4 em 10). Surpreendentemente, vários países da Europa Ocidental pontuam abaixo da média geral, nomeadamente, a Áustria e a França (1 em 2).
Além de juntar duas palavras que têm um impacto positivo junto dos europeus, a economia circular tem levado cada vez mais cidadãos a comprometerem-se com a aplicação dos três R em que se baseia: Reciclar, Reduzir, Reutilizar. Quando analisamos as práticas observa-se, contudo, novamente uma divisão geográfica clara entre os países a Ocidente e a Norte, por um lado, e as nações mais a Leste, por outro. Há também uma divisão geracional, ainda que menos acentuada, com os maiores de 50 anos geralmente mais comprometidos, independentemente do “R” em questão.
A separação de resíduos e reciclagem são as práticas que mais mobilizam os europeus. Mais de 6 em cada 10 europeus praticam-nas regularmente – 66% no caso dos portugueses -, com os italianos a manterem a sua posição de liderança, seguidos de perto pelos austríacos, espanhóis e suecos. Pelo contrário, os búlgaros são de longe os menos ativos neste domínio.
A redução de resíduos também é praticada com frequência, de acordo com 41% dos portugueses e 46% dos europeus. Mais uma vez, os italianos mostram-se os mais virtuosos neste aspeto da economia circular e os checos os menos comprometidos.
O terceiro R, a reutilização de produtos, seja através da venda, doação ou reaproveitamento, é realizada regularmente por 41% dos portugueses e 43% dos europeus. Mais uma vez, os italianos e os checos encontram-se respetivamente no topo e no fim do ranking internacional.
Embora os europeus demonstrem uma atitude positiva em relação à participação na economia circular, é ainda mais encorajador ver que têm vindo a aumentar o seu compromisso. Deste modo, 1 em cada 2 europeus declara que recicla mais os seus resíduos e que os reduziu nos últimos três anos.
Metodologia:
O inquérito quantitativo aos consumidores foi conduzido pela Harris Interactive entre 5 e 19 de novembro de 2021, em 17 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Espanha, França, Hungria, Itália, Noruega, Polónia, Portugal, República Checa, Roménia, Reino Unido, Eslováquia e Suécia. Foram realizados inquéritos online num total de 15 800 indivíduos (através do método CAWI). Os inquiridos, com idades compreendidas entre os 18 e os 75 anos, foram selecionados de amostras nacionais representativas de cada país. A representatividade da amostra foi assegurada pelo método de quotas (género, idade, local de residência e nível de rendimentos/classe socioprofissional). Foram realizados 800 inquéritos em cada um país, exceto em França onde foram realizados 3 000 inquéritos.