Cerca de 70% dos portugueses demora menos de 30 minutos para tomar a sua refeição e mais de 50% das pessoas que dedicam pouco tempo às refeições sofrem de má digestão. Esta é uma das conclusões de um estudo recente sobre os hábitos dos portugueses à mesa.
É uma verdade indiscutível que temos deixado de aproveitar o momento das refeições. Isto porque deixamos que outras obrigações e distrações invadam estes momentos. No entanto, todos reconhecemos que aproveitar bem a hora da refeição, não só pelo comer bem, mas também pelo desfrutar do momento e da companhia, ajuda ao nosso bem-estar.
Ora, se sabemos isto, porque fazemos exatamente o contrário? Para tentar dar resposta a esta questão, a marca Activia promoveu um estudo no início deste ano, em conjunto com a Marktest, e com uma análise por parte do sociólogo, professor da Universidade Aberta e Investigador do ISCTE-IUL, Pedro Abrantes. Este estudo veio ajudar a perceber qual o comportamento dos portugueses, concluindo que talvez esteja na hora de regressarmos a velhos hábitos…
MULHERES TOMAM MAIS REFEIÇÕES
Para 32,9% dos inquiridos, as refeições são um momento social partilhado com as pessoas de quem mais se gosta; e para 31,6%, as refeições são um ritual fundamental de convívio e degustação. Aliás, mais de 50% admite que prefere uma má refeição, desde que acompanhada de uma boa conversa.
As mulheres são as que mais refeições tomam durante o dia: cerca de 5. Segundo Pedro Abrantes, “é muito positivo que a maioria dos portugueses afirmem que fazem 4, 5 ou mesmo 6 refeições diárias, não apenas porque é pouco saudável passar muitas horas sem comer, mas porque também no trabalho é importante haver momentos de pausa, em que se pode interagir com os colegas de forma mais descontraída e informal. Contudo, isto é muito mais comum nas mulheres, havendo efetivamente sinais de uma alimentação menos saudável e menos convivial nos homens, com consequências muito negativas, inclusive, na sua esperança de vida”.
No entanto, é alarmante perceber que 17% dos inquiridos não toma pequeno-almoço diariamente e 34% não come um lanche durante a manhã.
À MESA, NO SOFÁ, NA CAMA
Dos inquiridos, 63% usa sempre a mesa para as refeições, mas entre as alternativas, o sofá é o grande vencedor, com 32,2% de adeptos. Para 27%, a cama é também uma boa possibilidade.
Quando tentamos perceber o que os impede de desfrutar mais das horas das refeições, a maioria dos inquiridos refere a atividade profissional. Logo a seguir, verifica-se que mais de 40% se refere ao uso de dispositivos móveis.
Segundo Pedro Abrantes, “a intensidade do uso dos equipamentos tecnológicos à refeição sugere um processo de descivilização, sendo fundamental que a mudança tecnológica seja acompanhada por novas normas de convivência familiar e social. É certo que a grande maioria dos pais impõe regras aos seus filhos quanto ao uso de tecnologia à mesa, mas o facto de violarem frequentemente eles próprios essas regras faz com que estas possam ter efeitos nulos ou mesmo perversos, tornando a refeição um momento de incompreensão, tensão e conflito”.
Leia o artigo completo na edição de maio 2016 (nº 261)