Não dão febre, nem obrigam a ir às urgências; também não originam dores nem complicações, mas o ardor e a comichão que provocam é tão incómodo que pode fazer perder a calma a qualquer um. Falamos dos piolhos, os populares parasitas que “acampam” nas cabeças dos mais pequenos e contra-atacam quando as aulas começam.
Os piolhos são parasitas, isto é, insetos que se alimentam de substâncias orgânicas contidas no corpo de outro ser vivo. Mas os nossos protagonistas não gostam de plantas nem de animais: só dos seres humanos e alimentam-se do seu sangue, através de minúsculas picadas na pele. Proliferam na infância e gostam de qualquer cabeça. Embora se sintam melhor em cabelos sujos e ambientes pouco higiénicos, também se agarram aos cabelos mais limpos e cuidados.
Diferentes Tipos
O Pediculus humanus é o piolho que parasita o homem. O que nidifica na cabeça é uma sub-espécie, havendo outros que afetam o corpo e a púbis.
Os piolhos do corpo são menos frequentes. Põem os seus ovos na costura da roupa e grassam nos grupos de pessoas que vivem em más condições higiénicas.
Cada tipo de piolho requer diferentes condições para sobreviver e não passa de um local do corpo para outro. Curiosamente, a incidência de piolhos do corpo e da púbis diminuiu nos últimos anos, mas a infestação de piolhos da cabeça tem aumentado de ano para ano.
Uma vida curta
A época mais ativa para os piolhos inicia-se em outubro e vai até ao inverno, os meses em que as crianças passam mais tempo nas aulas, convivendo estreitamente.
O contágio não se produz porque o piolho salta de cabeça para cabeça, mas sim pelo contacto direto. Os piolhos não voam nem saltam, mas passeiam-se por assentos, carteiras, roupa, gorros e brinquedos de peluche. A comichão é provocada pelos insetos adultos, devido a uma espécie de saliva muito irritante.
As fêmeas põem os seus ovos – as lêndeas – nas zonas mais quentes, isto é, atrás das orelhas e no alto da cabeça. Os ovos aderem a pouca distância do couro cabeludo. Em três semanas, transformam-se em adultos, sendo a esperança de vida de 30 dias. Durante esse tempo, as fêmeas podem pôr cerca de 200 ovos.
Comichão insistente
O primeiro sinal que faz suspeitar da presença de piolhos é o facto da criança se coçar insistentemente. Mas também pode acontecer que não piquem e estejam lá, sobretudo se se trata da primeira vez. Por isso, é necessário observar as cabeças dos pequenos todas as semanas.
Os piolhos adultos deslocam-se muito rapidamente e é difícil vê-los, porque fogem da luz; pelo contrário, as lêndeas distinguem-se mais facilmente. Deve separar o cabelo, madeixa por madeixa, especialmente nas zonas do pescoço e das orelhas. As lêndeas podem confundir-se com caspa, mas apenas à primeira vista. Na prática, são muito difíceis de eliminar, pois aderem ao cabelo com uma substância dura e resistente.
Que fazer?
Após o diagnóstico, a primeira coisa a fazer é mentalizar-se de que aquilo que o seu filho tem é resultado de uma autêntica praga; por isso, embora não seja uma doença de declaração obrigatória, deve avisar rapidamente a escola, para que os professores e pais possam iniciar uma campanha de prevenção ou de tratamento.
Não veja a situação como humilhante: o importante é lutar contra estes insetos de maneira eficaz e segura. É recomendável, portanto, que a criança não vá à escola, enquanto tiver lêndeas, continuando o tratamento em casa.
Demonstrou-se que os piolhos estão cada vez mais resistentes aos produtos que tradicionalmente se usavam para os eliminar e, por isso, não é suficiente uma higiene adequada para nos livrarmos deles.
Leia o artigo completo na edição de setembro 2021 (nº 319)