Fatores fisiológicos comportamentais conferem à pele masculina características que a diferenciam da cútis feminina. Não sendo diferenças fundamentais, tratam-se de variações na forma como se expressam certos fenómenos da pele.

 

A pele do homem apresenta características específicas, que se devem especialmente à influência hormonal. Com efeito, a segregação de hormonas sexuais masculinas é muito mais elevada nos homens, o que explica que a sua pele, órgão hormonodependente, apresente diferenças face à pele das mulheres, tanto do ponto de vista fisiológico como estrutural.

Mais espessa

Experiências efetuadas em indivíduos de ambos os sexos, demonstraram que a pele do homem é mais espessa face à da mulher (mais 16%, em média), o que a torna sensivelmente mais resistente. Este aspeto foi demonstrado, quer na pele do rosto, quer na das costas da mão.

Tal como para a epiderme e para a camada córnea, a espessura da derme é, ela também, mais importante no homem do que na mulher. Em todas as idades, correlativamente à sua espessura, a derme do homem apresenta uma densidade superior de colagénio.

Inversamente, o tecido adiposo subcutâneo é mais espesso na mulher do que no homem. Além disso, a distribuição do tecido adiposo subcutâneo varia segundo o sexo: no homem, a gordura acumula-se na zona superior do corpo (tórax, abdómen, ventre), enquanto na mulher se concentra na região inferior (coxas e quadris).

No que diz respeito à organização do tecido adiposo, a desigualdade entre sexos é também flagrante. Com efeito, a configuração dos lóbulos gordurosos é específica da mulher, sendo estes encarcerados em divisórias perpendiculares, que acentuam a sua pressão sobre a epiderme.

Esta disposição traduz-se, a nível da superfície cutânea, por um aspeto irregular, correntemente chamado “casca de laranja”, característico da celulite, que afeta essencialmente as mulheres. Em contrapartida, no homem, os lóbulos são mais pequenos e dispostos mais obliquamente, diferindo assim pelo seu sistema de ancoragem às camadas subjacentes.

Envelhece mais tarde

A espessura da pele masculina diminui progressivamente com a idade, enquanto que a espessura da pele feminina permanece mais estável até cerca dos 55 anos, a idade da menopausa, para diminuir acentuadamente só a partir desta idade.

Sob o plano biofísico, sabe-se que a pele dos homens é mais firme do que a das mulheres até cerca dos 30 anos, idade a partir da qual diminui acentuadamente, para voltar a estabilizar pelos 40-50 anos de idade. A firmeza da pele feminina, por sua vez, diminui gradualmente a partir de 30 anos.

Da mesma forma, a pele dos homens é mais elástica do que a das mulheres, mas a sua elasticidade diminui mais rapidamente.

No homem, as rugas surgem mais tardiamente, mas, em contrapartida, logo que o processo é despoletado, a pele enruga-se mais rápida e profundamente. O que é gradual na mulher é mais abrupto no homem.

Função sebácea mais relevante

A taxa de secreção sebácea, após ter atingido o seu máximo, entre os 25 e os 40 anos em ambos os sexos, diminui seguidamente com a idade, mas mais marcadamente na mulher. No homem maduro, os níveis de sebo diminuem muito ligeiramente com a idade. Na mulher, em contrapartida, a segregação sebácea diminui progressivamente após a menopausa, provocando uma drenagem cutânea bem conhecida.

As hormonas sexuais masculinas representam o principal estímulo da glândula sebácea. No homem, a principal hormona sexual é a testosterona, a qual está, em grande parte, ligada a uma betaglobulina de transporte na corrente sanguínea. Só a fração livre (cerca de 1%, mas mesmo assim 10 vezes mais elevada no homem que na mulher) pode penetrar nas células da glândula sebácea e ser transformada pela ação de uma enzima, para chegar à única forma biologicamente ativa capaz de estimular a secreção sebácea.

Este mecanismo explica que o homem tenha sempre uma secreção sebácea mais forte do que a mulher e traduz-se, igualmente, nos problemas de imperfeições da pele mais frequentes nos rapazes.

Além disso, no homem, as glândulas sebáceas são mais volumosas e mais numerosas sobre o rosto, o couro cabeludo e os órgãos genitais.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2023 (nº 334)