A chegada do verão sensibiliza-nos para a importância de proteger o nosso organismo dos efeitos nocivos dos raios solares. É fundamental dosear a exposição ao sol, fazendo-o com a devida proteção, tanto na pele como nos olhos.

 

A radiação ultravioleta é uma parte da radiação eletromagnética do sol que não conseguimos ver, porque o seu comprimento de onda não sensibiliza o sistema visual dos seres humanos, embora faça sentir os seus efeitos… e de que maneira!

A parte da radiação solar que é capaz de sensibilizar o olho humano é a composta pelas diferentes cores, com as quais se forma a luz branca.

Quando a intensidade luminosa é muito forte, devemos proteger-nos, tanto das radiações visíveis como das invisíveis. É, pois, fundamental a utilização de lentes com filtros especiais, que respondam à duas finalidades prioritárias: impedir que as radiações lesivas cheguem ao olho – os raios infravermelhos e os ultravioleta – e reduzir a intensidade das radiações visíveis, para evitar o ofuscamento e proporcionar uma visão nítida e confortável.

Filtro natural

A Natureza criou os seus próprios sistemas defensivos face aos raios solares. A atmosfera da Terra constitui a primeira barreira, filtrando uma boa parte dos raios ultravioleta B, até aos 280 nanómetros.

O olho humano, por sua vez, dispõe de um complexo sistema de filtragem: a córnea filtra as radiações ultravioleta situadas entre os 280 e os 300 nanómetros; o cristalino filtra as radiações UV entre os 300 e os 400 nanómetros. Esta última zona de radiação, que correspondente aos ultravioleta A, é a mais perigosa para os olhos.

Os raios ultravioleta lesam os olhos pela agressão fotoquímica imediata dos tecidos superficiais, atacando, também – em menor grau, mas de forma cumulativa – os tecidos profundos.

Conforme a agressão, existem diferentes tipos e graus de lesão:

  • Lesões imediatas. Queratite fotorreativa ou conjuntivite actínica. É muito dolorosa e limitante, mas costuma remitir num período de 48 a 72 horas, geralmente sem sequelas, salvo nos casos de queimaduras muito intensas, podendo, nesta situação, produzir opacidade corneal.
  • Lesões retardadas. Cataratas e dano retiniano, que se devem à acumulação de pequenas lesões repetitivas.

Filtros artificiais

Uma boa lente solar deve cumprir perfeitamente a sua função de filtro. Segundo os oftalmologistas e optometristas, uma lente de proteção solar deve cumprir, simultaneamente, três condições:

  • filtrar de forma eficaz a intensidade luminosa;
  • filtrar totalmente a radiação UV;
  • ter qualidade ótica.

Uns bons óculos de sol devem cobrir o campo visual máximo, para impedir as lesões motivadas pela radiação lateral. As armações devem ser cómodas e leves. Uns óculos desajustados não cumprem devidamente a sua função protetora.

A proteção ocular está indicada em qualquer idade e, sobretudo, para as pessoas que estão expostas ao Sol durante longos períodos de tempo. As pessoas que foram operadas às cataratas, não tendo o filtro natural constituído pelo cristalino, devem usar óculos com filtros, em todas as épocas do ano.

Segundo o uso a que se destinem, os óculos devem apresentar características diferentes. As lentes para a neve, por exemplo, têm de proteger a 100% dos raios ultravioleta. Por sua vez, os óculos mais indicados para a condução devem ter um filtro “degradê”, com a zona inferior mais clara, que permita ver perfeitamente o quadro de instrumentos, e a parte superior mais escura, para evitar o ofuscamento.

Leia o artigo completo na edição de junho 2016 (nº 262)