As flutuações nos valores da glicemia são, habitualmente, a principal característica que se associa à diabetes. O que a maioria das pessoas desconhece são as complicações que advêm dos elevados níveis de açúcar no sangue ao longo do tempo, nomeadamente as complicações crónicas, como o pé diabético.
Artigo da responsabilidade da Enfª Patrícia Parrinha
O pé diabético surge como uma consequência das lesões que ocorrem nos nervos periféricos e nos vasos sanguíneos dos membros inferiores, caracterizando-se pelo desenvolvimento de infeção, ulceração ou destruição dos tecidos profundos, podendo mesmo conduzir à amputação do membro inferior.
DE QUE FORMA É QUE ISTO ACONTECE?
As lesões que ocorrem ao nível dos nervos e dos vasos sanguíneos fragilizam as estruturas do pé da seguinte forma:
- A pele fica mais seca e com maior probabilidade de originar fissuras;
- Existem alterações dos pontos de pressão, levando ao aparecimento de calosidades que podem evoluir para úlceras;
- A sensibilidade diminui, pelo que os estímulos de dor, calor ou frio podem não ser percebidos da mesma forma que anteriormente, ou mesmo desaparecer;
- A própria forma do pé pode sofrer alterações estruturais;
- A fraca vascularização compromete a capacidade de defesa e regeneração dos tecidos.
Todas estas situações predispõem para o aparecimento de lesões, que podem evoluir para feridas e úlceras infetadas, antes sequer que se perceba a sua evolução. Devido à perda da sensibilidade protetora, muitas vezes, as lesões só são percebidas numa fase muita adiantada, quando o tratamento é mais complexo e a recuperação mais difícil, sendo que, em alguns casos, a única solução passa mesmo pela amputação do membro ou parte dele, de modo a evitar que a lesão se alastre.
QUATRO AMPUTAÇÕES POR DIA
O pé diabético é, aliás, umas das principais causas de amputação não traumática em Portugal. Dados do Observatório Nacional da Diabetes de 2014 indicam que, a cada dia, há 4 amputações causadas pela diabetes, tendo-se registado uma preocupante, ainda que ligeira, trajetória de crescimento nos últimos dois anos.
É por este motivo que é tão importante que quem tem diabetes olhe pela saúde dos seus pés. As consequências representam uma enorme perda da qualidade de vida para o próprio, e também elevados custos económicos e sociais para todos.
O risco de vir a desenvolver complicações pode ser medido e, conhecendo esse risco, é possível adotar medidas preventivas e evitar o desenvolvimento e/ou progressão de uma lesão no pé.
Leia o artigo completo na edição de setembro 2018 (nº 286)
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