A obesidade, além de provocar inúmeros problemas de saúde sobejamente conhecidos, influencia negativamente a vida sexual de homens e mulheres. Saiba como dar a volta a este cenário.

Artigo da responsabilidade da Dra. Adriana Rosas Relvas. Médica especialista em Medicina Geral e Familiar, pós-graduada em Medicina Estética. Diretora clínica da Fortius Clinic Portugal

 

O excesso de peso e a obesidade têm um grande impacto em praticamente todas as áreas do ciclo de vida, com implicações na saúde física, psicológica e social, independentemente do género, idade ou nacionalidade.

Os distúrbios na área da sexualidade são um problema universal e vão muito além do sexo, com potencial de desvalorização pessoal e interpessoal, com efeitos psicossociais nefastos e, frequentemente, diminuição da autoestima, autoconfiança e amor-próprio, levando ao isolamento, ansiedade e, muitas vezes, depressão.

BAIXA AUTOESTIMA

Sabemos que a relação entre a obesidade e os problemas de saúde sexual pode ser explicada, não só por mecanismos fisiológicos e biológicos, como a falta de energia, mas também psicológicos, como a baixa autoestima, ou ainda mecanismos socioculturais.

Vários estudos recentes demonstram que os indivíduos com obesidade grave são menos sexualmente ativos do que indivíduos com peso equilibrado.

Em Portugal, estima-se que mais de metade da população (57%) apresente alguma disfunção sexual e um inquérito de 2022 sobre o tema, efetuado junto dos portugueses, demonstra o seguinte:

  • 40% dos entrevistados afirma que sofre de excesso de peso. A incidência é maior nas mulheres entre 31 e os 40 anos, casadas e com filhos, sendo que 81% delas afirma ter problemas com a balança, seguidas das mulheres também casadas e com filhos, na faixa etária de 41-50 anos (63%). Já os homens, 57% dos entrevistados, principalmente aqueles entre os 41 e os 50 anos, afirmam ter excesso de peso;
  • 66% daqueles que lutam contra o excesso de peso afirma que a baixa autoestima atrapalha os seus relacionamentos. Este percentual destaca-se nas mulheres de todas as idades, principalmente naquelas entre os 21 e 40 anos, sendo que 83% delas responde que a autoestima é um fator problemático nos seus relacionamentos. Nos homens, a percentagem cai para 39% entre os 20 e 30 anos e 25% entre os 31 e os 50 anos;
  • Para além da autoestima, vários outros temas são referidos por aqueles que têm excesso de peso: perda da libido (39%), principalmente nas mulheres entre os 31 e os 40 anos; dificuldade em atingir um orgasmo (27%) para ambos os sexos; e dor durante a relação (24%), em especial nas mulheres de todas as idades;
  • Também houve aqueles que venceram a luta contra o excesso de peso nos últimos meses e 47% deles afirma notar grandes melhorias na sua vida sexual;
  • Daqueles que ainda não atingiram o seu peso saudável, 78% dizem estar à procura da metodologia ideal.

DISFUNÇÕES SEXUAIS

A disfunção sexual surge como um transtorno que pode envolver o desejo sexual, a excitação, o orgasmo e/ou dor durante a relação sexual, isolada ou concomitantemente com prejuízos emocionais e físicos.

Estima-se que 20 a 50 % das mulheres apresentem disfunção sexual, ao longo da sua vida, e que 52% dos homens possam ter algum grau de disfunção erétil, sendo o distúrbio sexual mais recorrente neste género.

Se, por um lado, a obesidade desencadeia disfunções na autoestima e na forma como cada pessoa se vê ao espelho, se relaciona em sociedade e no seu trabalho, dificultando a autoconfiança tão importante para o dia a dia, estudos recentes apontam que o simples excesso de peso e a lipoinflamação levam a uma  perda de desejo sexual, disfunção orgástica e disfunção erétil, bem como diminuição da fertilidade dos casais. Esta realidade pode ser revertida quando a lipoinflamação é destruída e o IMC normalizado.

Leia o artigo completo na edição de maio  2023 (nº 338)