A Oncologia Integrativa é uma abordagem clínica e científica que une tecnologias avançadas, terapias regenerativas e um olhar profundamente humano. E dentro desta visão, duas ferramentas destacam-se pelo seu impacto real na recuperação do paciente.

Artigo da responsabilidade da Dra Carina Guerreiro. Medicina Integrativa e CEO da Oxyclinic

 

Receber um diagnóstico de cancro é, quase sempre, um abalo sísmico – não só no corpo, mas na vida como um todo. Há uma quebra na energia vital, uma insegurança silenciosa e uma luta interna entre continuar a viver e aprender a sobreviver. O modelo convencional de tratamento – cirurgias, quimioterapia, radioterapia – é muitas vezes essencial. Mas aquilo que fazemos em redor desses tratamentos pode determinar como o corpo responde, como a mente atravessa o processo e como a vida é sentida durante a jornada.

É exatamente neste espaço – entre a medicina que combate a doença e a medicina que cuida da pessoa – que nasce a Oncologia Integrativa. Uma abordagem clínica e científica que une tecnologias avançadas, terapias regenerativas e um olhar profundamente humano. E dentro desta visão, duas ferramentas destacam-se pelo seu impacto real na recuperação do paciente: a Medicina Hiperbárica e a Ozonoterapia médica.

RESPEITAR A SINGULARIDADE DE CADA CORPO

Na Medicina Integrativa personalizada, não se procura apenas de tratar um tumor, mas sim compreender o terreno onde ele se desenvolveu: o sistema imunitário, o estado inflamatório, o metabolismo celular, a saúde intestinal, o equilíbrio hormonal, o impacto emocional acumulado. Cada pessoa tem a sua história, o seu corpo e o seu tempo. E isso importa.

Hoje, já existem centros especializados em Portugal onde é possível realizar uma avaliação funcional e aprofundada do estado biológico da pessoa com cancro. Utilizam-se exames laboratoriais avançados (incluindo perfis imunológicos, genéticos e hormonais), microscopia de campo escuro, análise mitocondrial e ferramentas clínicas que permitem desenhar um plano terapêutico individualizado – com base na ciência e com o coração voltado para o cuidado.

É neste contexto que a Medicina Hiperbárica e a Ozonoterapia atuam em conjunto, com um propósito claro: regenerar, proteger, revitalizar.

OXIGENOTERAPIA

A Medicina Hiperbárica consiste na administração de oxigénio a 100% de pureza dentro de uma câmara médica pressurizada, geralmente a 2,5 atmosferas absolutas (ATA). Esta pressão elevada permite que o oxigénio se dissolva diretamente no plasma sanguíneo – para além da hemoglobina –, o que aumenta exponencialmente a quantidade de oxigénio disponível nos tecidos.

No contexto oncológico, isto é particularmente relevante. Os tumores tendem a criar microambientes hipóxicos (com pouco oxigénio), dificultando a eficácia da quimioterapia e radioterapia. A oxigenoterapia hiperbárica ajuda a inverter essa hipoxia, tornando o meio menos favorável à progressão tumoral e mais responsivo ao tratamento.

Além da sua ação regeneradora em tecidos danificados (como mucosas, pele e osso), a hiperbárica pode ser estrategicamente aplicada durante o half-time da quimioterapia – o intervalo em que o fármaco atinge a sua maior concentração no organismo. Aumentar a oxigenação celular nesse momento pode potenciar a ação citotóxica do fármaco sobre células tumorais, sem agredir os tecidos saudáveis.

Outras indicações clínicas da Medicina Hiperbárica no paciente oncológico incluem:

  • Osteoradionecrose e cistite actínica;
  • Mucosites graves e feridas crónicas;
  • Recuperação hematológica;
  • Fadiga persistente e imunossupressão pós-tratamento.

OZONOTERAPIA

A Ozonoterapia, por sua vez, é uma técnica médica que utiliza uma mistura de 95% de oxigénio e 5% de ozono em doses terapêuticas e controladas. Quando corretamente aplicada, esta mistura atua como um potente modulador biológico: ativa mecanismos antioxidantes endógenos, regula a resposta inflamatória, melhora a microcirculação e estimula a função mitocondrial.

No doente oncológico, a Ozonoterapia é particularmente eficaz para:

  • Reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia;
  • Apoiar o fígado e os rins no processo de desintoxicação;
  • Estimular a energia vital e a recuperação funcional;
  • Diminuir a dor e a inflamação persistente;
  • Reforçar a imunidade e o bem-estar geral.

Juntas, estas duas terapias criam uma base sólida para a regeneração e equilíbrio do organismo. Enquanto a Medicina Hiperbárica entrega oxigénio de forma profunda e sistemática, a Ozonoterapia atua como um regulador biológico que desperta as respostas adaptativas do próprio corpo. São terapias complementares que, quando bem integradas, ajudam a transformar a experiência da doença.

Leia o artigo completo na edição de junho 2025 (nº 361)