As doenças da tiroide são muitas vezes silenciosas, mas são muito comuns, afetando mais de um milhão de portugueses e cerca de 200 milhões de pessoas em todo o mundo.

Um dos principais fatores de risco no desenvolvimento de patologia tiroideia reside nos nossos genes. De facto, a investigação clínica indica que a maioria dos distúrbios tiroideus são influenciados pela genética, o que significa que podem ser herdados e manifestarem-se entre membros da mesma família.

Artigo da responsabilidade da Dra. Isabel Manita. Assistente Hospitalar Graduada de Endocrinologia – CUF Almada

 

Este ano, o tema da Semana Internacional da Tiroide pretende sensibilizar a população em geral para a importância da hereditariedade no aparecimento de patologia tiroideia, tendo como slogan “conhece a tua história para compreenderes melhor o teu futuro”.

Apesar de serem doenças que podem ter mais impacto em mulheres e surgir em todas as etapas da vida, desde a infância até à terceira idade, há evidências de que este pode ser um problema hereditário, pelo que é comum surgir em diferentes membros da mesma família.

A glândula tiroideia produz hormonas essenciais para o normal funcionamento do organismo, nomeadamente no crescimento, desenvolvimento e metabolismo corporal. Sendo assim, o desequilíbrio desta glândula (hipotiroidismo /hipertiroidismo) resulta em sintomas como fadiga, fraqueza muscular, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, alterações da visão, alterações do ciclo menstrual, entre outras.

A causa mais comum de distúrbios da tiroide é autoimune: doença de Graves e tiroidite de Hashimoto, que resultam da produção de anticorpos pelo próprio organismo que podem estimular ou destruir a glândula, o que habitualmente condiciona alterações da função como hipertiroidismo e hipotiroidismo.

Como se manifestam as doenças da tiroide?

O bócio e os nódulos da tiroide correspondem a uma situação clínica em que a glândula pode estar aumentada de volume de forma difusa (bócio simples) ou com formação de nódulos (bócio nodular). Esses nódulos podem ser benignos ou malignos. De um modo geral, o cancro da tiroide não é muito agressivo, no entanto, havendo história familiar, poderá estar recomendado o estudo genético.

No caso do hipertiroidismo (doença de Graves – principal causa), em que ocorre um excesso de hormonas tiroideias em circulação, existe um metabolismo mais acelerado de todo o organismo. Habitualmente, manifesta-se por um aumento das dimensões da glândula (bócio), perda de peso apesar do aumento do apetite, palpitações (aumento da frequência cardíaca), irritabilidade, nervosismo, ansiedade, insónias, tremor das mãos, intolerância ao calor e hipersudação, queda de cabelo e alteração das unhas, diarreia, irregularidades menstruais e diminuição ou ausência de fluxo menstrual, fraqueza muscular, olhar fixo, vivo e/ou olhos proeminentes.

No hipotiroidismo (tiroidite de Hashimoto – causa mais frequente), pelo contrário, os níveis hormonais produzidos pela tiróide são insuficientes, indo comprometer o normal funcionamento do organismo. Os principais sintomas são um ligeiro aumento de peso (por retenção de líquidos), fadiga, cansaço fácil, aumento da sensibilidade ao frio, obstipação, pele seca, queda de cabelo, cabelo quebradiço, irregularidades menstruais, depressão, dores musculares e formigueiros.

Como se diagnosticam as doenças da tiroide?

A avaliação clínica é um passo essencial no diagnóstico das doenças da tiroide. As análises sanguíneas permitem detetar e medir os níveis de hormonas tiroideias na corrente sanguínea. A determinação da TSH com os métodos atuais é suficiente na maioria dos casos para avaliar eventuais alterações hormonais. O exame físico e as análises não permitem determinar se um nódulo é ou não maligno. Assim, a ecografia é fundamental para determinar as dimensões e as características dos nódulos. Nestes casos é necessária a realização de uma citologia aspirativa com agulha fina.