A lagarta-do-pinheiro é a principal inimiga dos pinheiros, mas também dos humanos e animais domésticos.

 

A processionária-do-pinheiro (Thaumetopoea pityocampa), ou lagarta-do-pinheiro como é mais conhecida, é um inseto que se instala nos pinheiros, alimentando-se das agulhas das coníferas e causando a sua desfolha. Trata-se da principal inimiga desta espécie de árvores – uma praga silenciosa que pode afetar grande parte das florestas portuguesas – mas também causa graves riscos para a saúde humana e para os animais domésticos.

Cada lagarta-do-pinheiro tem centenas de milhares de pelos urticantes que se soltam facilmente, podendo causar graves reações alérgicas tanto aos humanos como aos animais domésticos. No caso dos animais, as consequências são ainda mais graves, principalmente nos cães, pois o contato dos filamentos tóxicos com a língua do animal pode causar a necrose dos tecidos orais e, em muitos casos, causar morte por asfixia.

Como prevenir-se desta praga?

Segundo Joana Mateus, diretora técnica da Anticimex, empresa especializada no controlo de pragas, “para se conseguir controlar eficazmente esta praga tem que se conhecer bem o ciclo de vida da espécie de modo a intervir-se em todos os estádios deste ciclo, uma vez que cada um tem a sua especificidade”.

Esta praga está presente durante todo o ano, dado que o seu ciclo de vida é geralmente anual. No entanto, é apenas a partir da terceira fase larvar até ao momento em que a lagarta se enterra no solo, que esta praga começa a constituir um perigo para a saúde pública, dado que é nesta fase que passa a ter o seu corpo revestido com pelos urticantes. Já para o pinheiro, é durante toda a fase larvar que danificam o mesmo, dado que as larvas se alimentam das agulhas dos pinheiros, assim como de outras coníferas.

É possível encontrar esta praga nas zonas habitacionais, parques públicos, áreas florestais, parques infantis, escolas, creches, áreas recreativas, ou outros locais onde existe proximidade de coníferas, essencialmente pinheiros e/ou cedros.

Como estamos a entrar no período em que se começam a desenvolver as larvas, este é o momento-chave para começar a tratar e prevenir o seu aparecimento.

Alterações climáticas aumentam a presença da lagarta-do-pinheiro

Nos últimos anos, tem-se verificado um aumento desta praga, devido às alterações climáticas, e a sua presença está a tornar-se cada vez mais visível no meio urbano, pelo que este inseto exige vigilância constante e um controlo eficaz de modo a mitigar riscos para a saúde pública. Estes riscos para a saúde pública estão presentes apenas quando o inseto se encontra nas fases finais de larva (lagarta), ou seja, quando têm o seu corpo revestido com pelos urticantes. Que podem ser libertados, consequentemente, espalhados pelo ar, podendo causar graves reações alérgicas, pelo que quando se identifica uma lagarta destas não deverá tocar-lhe e deve-se afastar da zona, assim como manter o seu animal doméstico longe delas, pois as reações alérgicas tanto podem acontecer em si como no seu amigo de quatro patas. Para saber se o seu animal de estimação esteve em contacto com uma lagarta, deve observar o seu comportamento, se apresenta um comportamento mais nervoso e se está sempre a lamber uma determinada área do seu corpo.

Por fim é importante referir que esta fase mais crítica pode acontecer entre janeiro e abril, e a época em que ocorre irá depender da zona do país e da temperatura que se faça sentir nessa época.

Como identificar?

A forma mais comum de identificar uma infestação de lagarta-do-pinheiro é através do seu estágio em cada época do ano. Os sintomas mais comuns de cada época são:

• Outono/Inverno, ninhos de seda nos topos dos pinheiros;

• Inverno/primavera, visualização de lagartas a descerem os troncos dos pinheiros.

Caso visualize a presença da lagarta-do-pinheiro, o que devo fazer?

• Deve entrar em contacto com as autoridades locais, caso esteja num local público, e se for em sua casa, contacte um profissional na área do controlo de pragas;

• Retire a lagarta se ainda estiver no seu corpo. Use pinças ou luvas, mas nunca o faça com as próprias mãos;

• Remover a roupa que possa conter vestígios dos pelos urticantes;

• O contacto direto com a lagarta pode originar uma reação alérgica, que varia consoante a sensibilidade da pessoa e a intensidade da exposição. Se surgir alterações no aparelho respiratório ou alergias como irritações na pele e olhos deve dirigir-se de imediato a um posto médico;

• Caso tenha sido o seu animal doméstico a estar em contacto com a lagarta deverá deslocar-se imediatamente ao Hospital Veterinário para que possa ser tratado.