No mês em que se assinala o Dia Internacional de Consciencialização sobre o HPV (4 de março), a MOG – Movimento Oncológico Ginecológico e o GAT – Grupo de Ativistas em Tratamento juntam-se para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do vírus do papiloma humano (HPV), um dos principais causadores de vários tipos de cancro. As associações apelam ao alargamento urgente da vacinação aos grupos relativamente aos quais há evidência indiscutível sobre os benefícios da vacina e à implementação de rastreios regulares como ferramentas essenciais para eliminar as doenças associadas e salvar vidas.
Segundo os dados mais recentes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em 2023, a cobertura vacinal contra o HPV até aos 15 anos atingiu os 91% em Portugal, sendo o país comunitário com maior percentagem de vacinação e acima da média de 64% da UE. Ainda assim, as associações frisam que a população não abrangida pelo Plano Nacional de Vacinação, em risco e que tem vantagem em ser vacinada, não pode ser esquecida.
“A vacinação contra o HPV é uma ferramenta de prevenção primária incrivelmente eficaz e segura. E é fundamental que a vacinação seja alargada a todos os jovens, rapazes e raparigas, para garantir a máxima proteção contra os tipos de HPV mais associados ao cancro. Em Portugal, temos feito um caminho notável nesse sentido, mas é preciso mais!”, afirma Cláudia Fraga, presidente da MOG, que sublinha ainda a importância do rastreio e do diagnóstico precoce: “O rastreio regular, através do teste de Papanicolau, é essencial para detetar lesões pré-cancerosas numa fase inicial, quando o tratamento é mais eficaz e menos invasivo. É crucial que as mulheres tenham acesso facilitado a estes exames e que sejam devidamente informadas sobre a sua importância.”
A vacina contra o HPV faz parte do Programa Nacional de Vacinação, sendo disponibilizada de forma gratuita a raparigas e a rapazes, aos 10 anos, num esquema de duas doses semestrais. O GAT, que tem trabalhado ativamente na defesa dos direitos dos doentes e no acesso a cuidados de saúde de qualidade, sublinha a importância de proteger outras franjas da população mais vulneráveis, como pessoas com determinadas doenças (incluindo VIH) e outros grupos em risco. Luís Mendão, Diretor Geral do GAT, enfatiza: “Precisamos de uma agenda de vacinação para as pessoas com VIH e aumentar o número de vacinas gratuitas e das comparticipações do Estado. A infeção pelo HPV é uma das que não tem um programa vacinal a pensar em quem já vive em risco acrescido, devido a outras patologias associadas”.
O HPV é uma infeção sexualmente transmissível extremamente comum, estimando-se que 85 a 90% das pessoas sexualmente ativas tenham contacto com o vírus em alguma altura das suas vidas. Na maior parte das vezes, sem saberem, uma vez que a infeção não apresenta sintomas. Existem mais de 200 tipos de HPV e, embora muitas infeções desapareçam espontaneamente, algumas podem persistir e levar ao desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e, eventualmente, cancro.1
O HPV é, assim, responsável por aproximadamente 95% dos cancros do colo do útero, 91% dos cancros do ânus, 90% dos condilomas genitais, 75% dos cancros da vagina, 70% dos cancros da orofaringe, 69% dos cancros da vulva e 63% dos cancros do pénis.2
O HPV transmite-se, sobretudo, através da atividade sexual, mas esta transmissão pode acontecer através de qualquer contacto íntimo pele a pele, seja ele sexo vaginal, anal ou oral. O preservativo é recomendado, diminuindo a probabilidade de transmissão, mas não é 100% efetivo, alertam as associações.
Referências: