A hipnose clínica já é utilizada em alguns hospitais portugueses na gestão da dor, mas assume, cada vez mais, um papel relevante na saúde dos pacientes oncológicos. A terapia funciona através de um processo de libertação de emoções traumáticas, permitindo, desta forma, fortalecer o sistema imunitário.
Cristina Infante Borges, hipnóloga clínica, esclarece qual o papel da hipnose clínica na saúde de um doente oncológico: “A hipnose, por si mesma, não cura. Funciona através de um processo de libertação de emoções traumáticas, que permitirá ao organismo criar as condições necessárias para que o seu sistema imunitário se torne mais forte. O paciente com apoio através da hipnose não perde cabelo, não fica prostrado. Sabe e trabalha para a vida.”
Quando questionada sobre o processo da terapia, a hipnóloga explica que o primeiro passo é perceber que “a hipnose é um estado natural de consciência alterado, diferente do estado de vigília. Não é dormir ou ficar inconsciente. Esse estado de vigília é promovido por um estado de foco e concentração muito grande que leva o indivíduo a dissociar corpo e mente. Por meio da heterossugestão, o sujeito vai gerindo e assimilando cada sugestão ou autossugestão, sem as limitações físicas e temporais pré-concebidas ou críticas da mente racional e dedutiva. Este processo torna o sujeito mais criativo, inovador e produtivo, gerando as alterações comportamentais ou fisiológicas necessárias para atingir os seus objetivos.” Salienta ainda que, “em doentes oncológicos, a hipnose é realizada respeitando as indicações médicas e a medicação prescrita. A atuação do hipnólogo clínico é acompanhada pelo médico, procedimento obrigatório.
A hipnose clínica parte do princípio que toda e qualquer doença é psicogeografada por uma fragilidade gerada por algum acontecimento traumático ou mal interpretado, sendo essa psicogeografização fisica que leva a que o sistema imunitário não detete as células cancerígenas, não lançando o alerta, como acontece mais rapidamente numa situação viral.
A hipnose ajuda a pessoa a localizar a dor que inicialmente a fragilizou, através de um processo de libertação da emoção traumática. É, então, possível avançar para a “cura”.
O hipnólogo clínico dá sugestões para que todo e qualquer tratamento que o paciente realize seja encarado, não como evasivo para o organismo, mas que os sinta como um “multivitaminado” poderoso que vai vitaminar e “curar”. Deste modo, “o paciente recebe de forma saudável os tratamentos oncológicos, tendo uma recuperação mais rápida do que um paciente sem este apoio hipnótico”, conclui a especialista.