Se é verdade que Portugal tem atualmente taxas de cobertura vacinal elevadas, também é verdade que a nova estirpe da gripe (H3N2 Kansas, subtipo K), representará, este ano, um grande desafio para os portugueses e para os serviços de saúde, devido à maior intensidade de sintomas e circulação precoce.

Prova disso é que, para além da campanha de vacinação direcionada a pessoas com mais de 60 anos, este ano a vacinação sazonal gratuita foi alargada a todas as crianças dos 6 aos 23 meses, independentemente de serem saudáveis ou pertencerem a grupos de risco, com a Direção-Geral da Saúde (DGS) a recomendar também a vacinação das crianças dos 2 aos 4 anos, mediante prescrição médica. Esta vacinação pode ser feita em unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e também em hospitais ou clínicas privadas autorizadas.

Segundo a DSG, até 23 de novembro foram vacinadas 33,47% das crianças entre 6 e 23 meses de idade, correspondendo a mais de 43 mil crianças. No entanto, e porque a gripe infantil pode surgir, os especialistas apresentam algumas medidas preventivas para a gripe infantil.

Gripe infantil

A gripe é uma doença infeciosa, causada pelo vírus Influenza A e B, que afeta principalmente as vias respiratórias e que geralmente ocorre no inverno. Geralmente, é uma doença é de curta duração e com sintomas moderados que se transmite por via respiratória, diretamente pessoa-a-pessoa, por contacto próximo (cerca de 2m).

Os vírus contidos nas secreções respiratórias da pessoa infetada são expulsos através da tosse, espirros ou quando fala. Pode também haver transmissão por contacto direto com partes do corpo, por exemplo através das mãos, ou com superfícies contaminadas com o vírus (e depois se toca nos olhos, nariz ou boca).

Já a gripe infantil tem um período de incubação habitualmente de dois dias, sendo que este período variar (entre 1 a 4 dias), diferenciando-se apenas no período de contágio, que, no caso das crianças, começa 1 a 2 dias antes do início dos sintomas e pode prolongar-se além dos 7 dias. Por estas razões, e também por características fisiológicas e uma maior exposição dos mais pequenos, estes acabam por estar mais suscetíveis de a contrair. Por isso, é importante tomar medidas preventivas.

Como proteger da gripe?

São várias as medidas simples que podem ajudar a evitar que as crianças tenham gripe:

  • Crianças e cuidadores devem lavar as mãos com frequência, com água e sabão ou usar álcool-gel, apenas quando não for possível a primeira opção;
  • Nariz e a boca devem ser tapados com um lenço de papel ou com a dobra do cotovelo, quando se tosse ou espirra, sendo necessária a lavagem das mãos após;
  • Os lenços de papel devem ser de utilização única e colocados no lixo;
  • Deve-se evitar mexer nos olhos, nariz e boca sem higienizar as mãos primeiro;
  • Os brinquedos, e outros objetos partilhados pelas crianças, devem ser lavados diariamente;
  • Os espaços onde estão as crianças, quer em casa, quer nas creches, infantários e escolas devem ser arejados de forma regular;
  • Deve-se evitar expor as crianças a ambientes com muitas pessoas, como os serviços de urgência (aos quais se deve recorrer apenas quando absolutamente necessário), centros comerciais ou hipermercados;
  • Em caso de necessidade, opte pela utilização de serviços de telemedicina/teleconsulta;
  • Qualquer pessoa, adulta, com sintomas de gripe deve utilizar máscara e isolar-se, não devendo frequentar espaços com muitas pessoas, durante o período de contágio. Já o uso de máscara em crianças é opcional e apenas aconselhado se tiverem sintomas e as conseguirem usar corretamente.

Gripe infantil e constipação: sintomas

Muitas vezes, a gripe é confundida com constipação, apesar de não serem a mesma coisa, uma vez que os vírus que estão na sua origem são diferentes: a gripe é causada pelo vírus Influenza e tem um início súbito e febre alta; enquanto as constipações são causadas por outros vírus, como por exemplo, os rinovírus, são graduais e raramente causam febre.

Desta forma, também os sinais do seu aparecimento acabam por se diferenciar. Na constipação, os mais pequenos apresentam, muitas vezes, o nariz entupido, espirros, olhos húmidos, irritação na garganta e dor de cabeça; na gripe infantil, aos sintomas anteriores juntam-se-lhes a febre alta e as dores no corpo, sendo que estes sinais ocorrem de forma súbita (na constipação, o início dos sintomas é gradual).

Na gripe infantil, os sintomas nem sempre são os mesmos, pois depende da idade da criança.

  • Nos bebés, febre alta, prostração, tosse são as manifestações mais comuns, assim como os sintomas gastrointestinais (náuseas, vómitos, diarreia) e respiratórios (laringite, bronquiolite). Também dificuldade respiratória e garganta e olhos vermelhos;
  • Em crianças mais velhas, os sintomas são semelhantes aos do adulto e jovens, com súbito mal-estar e cansaço, febre alta, dores musculares e articulares, tosse, e dores de cabeça e garganta e congestão nasal.

Cuidados a ter em caso de gripe

Se a criança apresentar estes sintomas, é necessário tomar algumas previdências, tais como:

  • Vacinar mesmo que a criança já tenha tido gripe nesta épica, pois é a vacina que garante a proteção contra as várias estripes;
  • Deverá ficar em casa, de repouso;
  • A temperatura deve ser regularmente vigiada;
  • A criança deve ser protegida do frio, agasalhando-a bem com várias camadas de roupa;
  • Deve ser realizadas lavagens nasais com soro fisiológico para descongestionar o nariz;
  • As mãos devem ser lavadas com frequência para evitar possíveis contágios;
  • Não devem ser administrados antibióticos, pois não atuam em infeções virais;
  • A criança deve ingerir mais líquidos (água, chás e sumos de fruta naturais), para reforçar as defesas do organismo e evitar a sua desidratação.

A vacinação é, sem dúvida, a melhor prevenção e aquela que oferece uma proteção direta das crianças, um dos grupos mais suscetíveis de desenvolver infeção gripal. No entanto, é também importante que todos – cuidadores em casa e nas escolas – façam o que está ao seu alcance para proporcionar um inverno mais saudável para todos.

Fonte: Médis