O processo de envelhecimento e declínio da função cognitiva estão intimamente ligados. Mas esta relação causa-efeito não é inevitável. São várias as estratégias de prevenção, entre elas, a toma de extrato de Ginkgo biloba.
Artigo da responsabilidade da Dra. Inês Veiga, Farmacêutica
Com o aumento da esperança média de vida, cresce também o número de casos de demência. Longevidade nem sempre se reflete numa maior qualidade de vida, verificando-se cada vez mais pessoas fisicamente ativas, contudo, com grandes limitações a nível cognitivo. A primeira causa de demência é a doença de Alzheimer, seguida da demência vascular.
Existem várias teorias que explicam o mecanismo do envelhecimento cerebral. A hipertensão arterial, alterações a nível da irrigação e o stress oxidativo são apontados como possíveis causas para os danos cerebrais associados ao envelhecimento.
A demência vascular é uma das consequências mais comuns do envelhecimento cerebral e é causada por alterações na vascularização do cérebro, associado a fatores como hipertensão arterial, patologia cardíaca, colesterol alto e diabetes. Este processo é frequentemente acompanhado por uma redução da circulação sanguínea a nível cerebral, consequência da perda de elasticidade dos vasos sanguíneos e presença de bloqueios à passagem do sangue. As faculdades cognitivas, como a memória e concentração, requerem um fornecimento adequado de sangue ao cérebro, através das artérias carótidas (no pescoço). Considerando que o cérebro consome 20% do oxigénio que respiramos, uma fraca irrigação pode comprometer o fornecimento de oxigénio e, consequentemente, toda a função cognitiva, resultando numa diminuição da capacidade de raciocínio, concentração e perda das memórias mais recentes.
É POSSÍVEL PREVENIR A DEMÊNCIA?
Existirão estratégias de preservação dos conhecimentos que adquirimos ao longo da vida e será possível atrasar o declínio da função cerebral?
A prática de exercício físico e a cessação tabágica, aliadas a uma alimentação saudável, são estratégias fundamentais para a proteção contra fatores de risco cardiovasculares, que estão na base da isquemia cerebral lenta e progressiva (falta de oxigenação).
Estudos demonstram uma importante relação entre o exercício físico e a prevenção da demência: homens que praticaram exercício três ou mais vezes por semana (mínimo de 15 minutos) demonstraram menor incidência de demência do que aqueles que praticaram menos de três vezes por semana. Mas treinar a mente é tão importante como treinar o corpo, pelo que se recomendam exercícios para treinar a função cognitiva, como a leitura e fazer puzzles, praticar atividades de lazer e manter uma vida socialmente ativa, com o objetivo de preservar o estado emocional.
EXTRATO NATURAL QUE PODE AJUDAR
O extrato obtido a partir das folhas da árvore Ginkgo biloba parece influenciar diretamente a regulação da musculatura dos vasos sanguíneos, inibir o fator de ativação plaquetar (efeito neuroprotetor), reduzir a permeabilidade capilar e aumentar a sua resistência.
Este extrato pode ser indicado a quem sofre de problemas de memória e dificuldade de concentração, porque melhora a irrigação cerebral e o fornecimento de oxigénio e nutrientes essenciais aos neurónios. Os compostos biologicamente presentes nas folhas da Gingko biloba são flavonoides (glicosídeos) e terpenoides (terpeno-lactonas). Estas substâncias ajudam a dilatar os vasos sanguíneos, ao mesmo tempo que tornam o sangue mais fluído, melhorando a circulação sanguínea periférica e cerebral. Adicionalmente, têm ação antioxidante e vários estudos demonstram que atuam a nível da neurotransmissão, podendo retardar o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.
Uma meta-análise publicada em 2015, no Journal of Alzheimer’s Disease, demonstrou que o extrato de Ginkgo biloba, tomado diariamente durante um período de 22 a 26 semanas, é capaz de estabilizar e atrasar o declínio da função cognitiva e alterações do comportamento, num total de 2561 doentes, incluindo doentes com Alzheimer. Esta publicação reforçou também a segurança deste extrato.
Vários efeitos podem justificar o potencial do extrato de Ginkgo biloba na doença de Alzheimer: o seu mecanismo de neuroproteção, nomeadamente atividade antiapoptótica (morte celular programada), anti-inflamatória e propriedades inibidoras da amiloidogénese e agregação beta-amiloide, além de uma atividade antioxidante.
Leia o artigo completo na edição de março 2018 (nº 281)
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