O cancro infantil continua a ser a primeira causa de morte por doença em crianças e adolescentes: por ano, em Portugal, estima-se que surjam cerca de 400 novos casos. Neste mês de setembro, escolhido para a sensibilização para o cancro infantil no mundo inteiro, a Fundação Rui Osório de Castro (FROC) encontra-se preocupada com o papel da oncologia pediátrica na estratégia para 2021-2030 no nosso país.
Foi no passado mês de julho que a Direção-Geral da Saúde (DGS) iniciou o processo de consulta pública da Estratégia Nacional de Luta Contra o Cancro (ENLCC) para o decénio 2021-2030, um documento onde não constam quaisquer pilares de ação clínica para o cancro pediátrico. Cristina Potier, diretora geral da FROC, admite que “é preocupante que esta área surja apenas como uma estrutura transversal”.
Ao analisar a estratégia, observa-se a quase não existência de medidas concretas para o cancro infantil, estando em falta fatores como a investigação ou o acompanhamento psicológico, este que é “tão importante e um direito adquirido não só para a criança ou adolescente doente, mas também para o seu agregado familiar, tanto durante, como no pós-tratamento”, reitera Cristina Potier. No entanto, o acesso a esta consulta nem sempre é possível. É preciso criar as condições para que o seu acesso seja uma realidade.
No que diz respeito ao Registo Oncológico Pediátrico, continua desatualizado, apesar de ser obrigatório desde 2017. Na estratégia nacional referem-se 342 novos casos em 2021, mas não é percetível como é obtida esta informação. “Conhecer a realidade é fundamental para que se possam tomar decisões”, frisa a diretora geral da FROC.
“Enquanto Fundação, queremos chegar aos portugueses, sensibilizando-os para o dia a dia das crianças, jovens, famílias, profissionais e voluntários que lutam contra o cancro e homenageá-los pelo seu esforço, dedicação e coragem, e fazer perceber à sociedade a importância do lugar do cancro pediátrico na estratégia nacional para as doenças oncológicas. Andamos há anos a defender isso e estamos agora no momento certo para que isso aconteça”, atenta Cristina Potier.
Por essa razão e durante o mês de sensibilização, a FROC apela a que todos se juntem e adiram ao movimento #nãoficoindiferente, mostrando que também não são indiferentes ao cancro infantil.
Cristina Potier indica que o apoio pode ser dado mostrando que faz parte deste movimento, usando uma pulseira, crachá ou tote bag #nãoficoindiferente, partilhando o laço dourado nas redes sociais ou apoiando a Fundação Rui Osório de Castro tornando-se amigo do Xi ou criando uma campanha de angariação de fundos no Facebook ou Instagram. Estas e outras formas de apoiar encontram-se no site da FROC em http://www.froc.pt.
Além destas iniciativas, a FROC disponibiliza, com o objetivo de promover a literacia sobre o cancro infantil, o PIPOP, o Portal de Informação Português de Oncologia Pediátrica. A plataforma contém informação acerca da pediatria oncológica, com o intuito de construir uma família informada, mais forte, tranquila e consciente na luta contra a doença oncológica. Também realiza eventos como os seus seminários anuais e as “Conversas Sobre”, um conjunto de sessões temáticas direcionadas para as famílias, doentes e sobreviventes, orientadas por profissionais das áreas.
Ao nível da investigação, abrem no dia 1 de setembro as candidaturas à 7.ª Edição do Prémio Rui Osório de Castro/Millennium BCP, no valor de 15.000€, com o objetivo de continuar a contribuir para o desenvolvimento de iniciativas inovadoras em oncologia pediátrica onde qualquer pessoa singular, grupo de trabalho ou instituição sem fins lucrativos pode concorrer com um projeto relevante na área.
Sobre a Fundação Rui Osório de Castro (FROC)
A Fundação Rui Osório de Castro tem como objetivo principal apoiar e proteger as crianças com cancro e seus familiares concentrando a sua atividade em duas grandes áreas: INFORMAR, esclarecendo os pais e as crianças sobre questões relacionadas com o cancro infantil e PROMOVER a INVESTIGAÇÃO contribuindo assim para o avanço da medicina nesta área. Desde junho de 2010, é reconhecida como Instituição Particular de Solidariedade Social e de Utilidade Pública.