Com o intuito de promover a sensibilização para a epilepsia, a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE) lançou a campanha “Eu sou mais do que epilepsia” e organizou a Semana da Epilepsia, que decorre de 8 a 13 de março. A iniciativa, que assinala ainda a comemoração dos 50 anos da LPCE, é composta por um conjunto de webinares, workshops palestras, simpósios e conta com o 33.º Encontro Nacional de Epileptologia, que se realiza nos dias 12 e 13 de março. O objetivo passa por relembrar que a epilepsia é muito mais do que ter crises, contribuindo para o aumento do conhecimento relativamente a esta doença e a importância de um tratamento seguro, principalmente em tempo de pandemia.
“A epilepsia é uma doença que tem ponto de partida numa perturbação do funcionamento do cérebro, devido a uma descarga anormal de alguns ou da quase totalidade dos neurónios cerebrais. Mas saber lidar com a epilepsia não é só conhecer a existência de crises, é crucial saber como minimizar as consequências, que afetam os doentes não só a nível familiar, como também social e profissional. Afinal, esta patologia pode causar uma grande incerteza” menciona Dra. Manuela Santos, presidente da LPCE.
Em Portugal, estima-se que existam cerca de 50 a 70 mil pessoas afetadas pela epilepsia, mas que evitam a exposição, preferindo não assumir publicamente a doença. Além disto, cerca de 20 mil pessoas apresentam formas mais graves desta doença, vivendo diariamente com grandes condicionalismos em relação ao exercício de uma vida ativa. No cenário que vivemos atualmente, com a pandemia da COVID-19, esta patologia ganha ainda maior impacto, pois estamos perante vários fatores que podem levar a um descontrolo da doença e recorrência de crises.
“A pandemia da COVID-19 é mais um desafio que estes doentes vão ter de enfrentar, é muito importante que haja uma boa gestão do stock de medicação e que os profissionais de saúde possam assegurar uma resposta rápida em cenários de crise. Afinal, podemos estar perante crises mais frequentes e prolongadas que o habitual, o limite na forma de estado de mal epilético, uma situação extremamente grave com necessidade de internamento em unidade de cuidados intensivos” reforça Dr. Francisco Sales, neurologista e coordenador da comissão organizadora do 33ºENE.