A curcuma, a quercetina e a vitamina D já são conhecidas pelas suas propriedades antivirais, antibacterianas e imunomoduladoras. Foi por esta razão que os investigadores quiseram saber quais os efeitos positivos que poderia ter a combinação destas três substâncias, não só na virulência do covid-19, mas também na evolução dos estados de pneumonia que normalmente lhe estão associados.
O ensaio clínico belga CHOPIN, coordenado pela Artialis, foi levado a cabo entre abril e outubro de 2021 nas unidades do Hospital CHIREC (Delta, Braine-L’Alleud e Saint-Anne/Saint-Rémi).
Para o estudo, organizado centralmente para permitir a homogeneidade, foram abrangidos 49 pacientes que testaram positivo à covid-19 aleatoriamente divididos em dois grupos. Todos os pacientes tinham mais de 18 anos e todos estavam hospitalizados com uma forma grave da doença. Ao primeiro grupo, designado por “Nasafytol” e constituído por 25 pacientes, foi ministrado um complemento alimentar composto por curcuma, quercetina e vitamina D, durante um período máximo de 14 dias. Ao segundo grupo, designado por “Vitamina D” e constituído por 24 pacientes que também estavam a receber os tratamentos standard, foi ministrada vitamina D (dose equivalente de 800 IU), também durante um período máximo de 14 dias.
Ambos os grupos tinham as mesmas características etárias, de sexo, de altura, de peso, de etnia e de IMC. Além disso, os dois grupos apresentavam um estado clínico semelhante com base na classificação da OMS, (4 vs. 4), bem como um valor de CRP análogo (57 vs. 58). Os dois grupos eram, portanto, comparáveis. A única diferença era o seu estado de vacinação, com um número de doentes vacinados (pelo menos, com uma dose) maior no grupo da “Vitamina D” do que no grupo do “Nasafytol” (9 vs. 2).
“Para este estudo, optámos por combinar a quercetina bioativa, o extrato de curcuma bioativa e a vitamina D3 pela capacidade que têm de contribuir para o bom funcionamento do sistema imunitário e para a manutenção da eficácia das defesas naturais”, explica o Prof. Yves Henrotin, fundador e presidente executivo da Artialis e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Liège. “Ao associarmos estes três elementos, quisemos disponibilizar um complemento natural que pudesse ajudar os pacientes com covid-19 e reduzir o seu risco de desenvolverem complicações graves, e que em simultâneo contribuísse para diminuir o número de transferências para as unidades de cuidados intensivos e a sua respetiva saturação. Aspetos essenciais a ter em conta durante a pandemia. Por isso, testámos esta combinação (o Nasafytol) como um adjuvante aos tratamentos standard, seguindo as recomendações da OMS para os estudos clínicos sobre o covid-19.”
Mais-valia comprovada de um adjuvante ao tratamento standard em pacientes hospitalizados com covid-19
Os resultados alcançados pelo estudo são inequívocos. O grupo de pacientes a que foi ministrado o Nasafytol, como complemento dos tratamentos standard, apresentou melhoras substanciais em todos os parâmetros avaliados. Em primeiro lugar, este grupo apresentou uma redução significativa de 59% no número de doentes hospitalizados ao 7º dia de tratamento e de 73% ao 14º dia, por comparação com o grupo a que foi ministrada apenas a vitamina D.
Em segundo lugar, e nos pacientes a quem foi ministrado o Nasafytol, registou-se um aumento significativo de 82% no número autorizado a deixar o hospital ao dia 7. Na verdade, 76% destes pacientes tiveram alta hospitalar ao 7º dia. Já no Grupo da “Vitamina D” apenas 42% tiveram alta. Da mesma forma, a alta hospitalar foi acelerada no grupo de pacientes a quem foi ministrado o Nasafytol.
Além disso, a diminuição do nível de severidade clínica fixado pela OMS para o covid-19 foi superior no grupo tratado com o “Nasafytol” ao 7º dia (50%). Isto significa que a recuperação do estado de saúde dos pacientes, que receberam aquele suplemento dietético, foi muito mais rápida do que a dos pacientes do grupo tratado com a “vitamina D”.
Finalmente, o estudo constatou uma diferença significativa no número de pacientes que sofreram complicações graves relacionadas com o covid-19. No grupo tratado com o “Nasafytol” não se registaram complicações, nem transferências para as unidades de cuidados intensivos, nem tão pouco mortes. Enquanto no grupo a que foi ministrada a “vitamina D”, 5 pacientes tiveram complicações graves: 4 tiveram de ser transferidos para unidades de cuidados intensivos, e um morreu.
“Com este estudo assistimos a uma diminuição considerável do número de doentes internados e a um aumento expressivo do número de pacientes que puderam ter alta hospitalar, depois de uma recuperação rápida do seu estado de saúde. Finalmente, verificámos ainda que nenhum paciente foi transferido para os cuidados intensivos ou morreu,” afirma o Dr. Jean Gérain, chefe do Serviço de Medicina Interna no Delta (unidade do grupo hospitalar CHIREC). “Estamos muito satisfeitos com os resultados alcançados por este ensaio clínico, e por podermos oferecer um adjuvante aos tratamentos standard que contribui para reduzir o tempo de internamento, para salvar vidas e para diminuir substancialmente a carga de trabalho dos profissionais de saúde nos hospitais.”