A eco-ansiedade é uma perturbação de stress pré-traumático em que os problemas de saúde mental relacionados com eventos climáticos iminentes são sentidos antecipadamente. Está a propagar-se especialmente entre os jovens, levando a um aumento dos níveis de stress, desespero e sentimentos de impotência.

A eco-ansiedade, caracterizada por um medo generalizado das alterações climáticas e das suas consequências, surgiu como uma preocupação significativa para a saúde mental, particularmente entre os jovens. Uma recente investigação apresentada no Parlamento Europeu, pela European House – Ambrosetti, um grupo de reflexão italiano, mostrou que cada vez mais cidadãos em todo o continente sofrem de um medo generalizado das alterações climáticas e das suas consequências.

FATOR DE AGRAVAMENTO

Pela primeira vez desde que a iniciativa foi lançada, em 2017, o relatório “Headway – Mental Health Index 3.0” analisou especificamente a eco-ansiedade como um novo fator-chave.

O relatório revela que, em média, mais de um terço dos europeus (37%) se sente exposto a ameaças relacionadas com as alterações climáticas. Em países onde os efeitos das alterações climáticas já são tangíveis, através de fenómenos meteorológicos extremos, como Itália, Espanha e Grécia – que fazem parte do chamado hotspot mediterrânico, uma das regiões que regista o aquecimento mais rápido do planeta – o impacto na saúde mental pode ser ainda mais forte.

Definida como uma perturbação de stress pré-traumático, a maior parte das formas de eco-ansiedade não são clínicas, mas podem contribuir para agravar condições de saúde mental pré-existentes.

CRISES PARALELAS

Para além da ansiedade ecológica, o relatório aponta para uma série de crises paralelas que estão a afetar a saúde mental das pessoas. Os conflitos geopolíticos, as tensões sociais e a crise do custo de vida têm afetado a vida quotidiana de milhões de europeus, com 62% dos europeus a declararem-se afetados pela atual policrise.

Os jovens, em particular, surgem como um grupo particularmente vulnerável. De acordo com as conclusões do relatório, cerca de 20% das crianças sofrem de problemas de saúde mental durante os seus anos de escolaridade e uma em cada cinco declara-se infeliz e ansiosa em relação ao futuro, devido à solidão, à intimidação e a dificuldades com os trabalhos escolares. Além disso, 45% das pessoas com idades compreendidas entre os 16 e os 25 anos relatam ansiedade e angústia diárias associadas à eco-ansiedade.

POPULAÇÕES VULNERÁVEIS

Embora as perturbações da saúde mental possam afetar qualquer pessoa, independentemente da nacionalidade, do contexto socioeconómico, do género ou da etnia, os jovens e outras populações vulneráveis podem sofrer níveis desproporcionais de angústia e necessitar de maiores níveis de apoio.

A incorporação de cuidados de saúde adaptados, que ofereçam um apoio abrangente à saúde mental para os desafios únicos enfrentados por estes indivíduos, poderão ajudar a resolver as perturbações de saúde mental à medida que estas surgem e garantir a prestação de apoio e tratamento adequados.

Neste sentido, o Headway realça que existem diferenças significativas na forma como as questões de saúde mental são tratadas nos países inquiridos e o relatório indica pontuações mais altas ou mais baixas com base na capacidade de resposta dos locais de trabalho, nas escolas e na sociedade em geral. Dinamarca, Suécia e Finlândia ocupam os primeiros lugares nos indicadores utilizados para o relatório Headway, enquanto Eslováquia, Grécia e Croácia tendem a registar pontuações mais baixas.

Leia o artigo completo na edição de Janeiro 2024 (nº 345)