Aproximadamente 20% dos embriões colapsam durante o desenvolvimento embrionário, reduzindo significativamente o seu potencial de implantação.
Os embriões e todo o processo que seguem até à sua implantação no útero materno é uma questão que tem despertado um crescente interesse científico e social. Através da observação do desenvolvimento dos embriões em incubadores que vão registando imagens dos mesmos em intervalos curtos de tempo (incubadores com sistema de Time-Lapse) observou-se que aproximadamente 20% dos embriões colapsam, isto é, contraem-se durante o seu desenvolvimento embrionário. Este fenómeno envolve a separação de mais de metade das células do trofoectoderme da zona pelúcida o que reduz significativamente o seu potencial de implantação (adesão ao útero materno).
Este novo estudo demonstra um aumento significativo das taxas de gravidez no grupo de embriões que colapsou durante o seu desenvolvimento e nos quais foi realizada uma Eclosão Assistida após a sua descongelação.
“A zona pelúcida é como uma casca, uma barreira protetora que o embrião tem, e que é composta por proteínas e açúcares. É elástica e moldável, e por isso adapta-se ao crescimento do embrião. É algo semelhante à casca de um ovo, que, à medida que o embrião cresce, parte-se para o soltar. As células do embrião responsáveis pela adesão ao útero materno, são as células do trofoectoderme e que mais tarde vão originar a placenta. Na verdade, o trofectoderme forma uma grande parte da estrutura do embrião quando este atinge o estadio de blastocisto e apresenta uma estrutura embrionária mais complexa e é o trofoectoderme que cresce até que acaba por romper a zona pelúcida explica a Dra. Sofia Nunes, diretora do Laboratório de Fecundação in vitro do IVI Lisboa.
Este estudo, intitulado “Eclosão assistida como alternativa à melhoria dos resultados em blastocistos com colapso espontâneo avaliado pelo sistema de lapso de tempo”, dirigido pelo Dr. Meseguer, embriologista e supervisor científico do IVI, foi apresentado e premiado recentemente no XI Congresso ASEBIR (Associação para o Estudo da Biologia da Reprodução), realizado em Toledo.
O especialista em embriologia, explica que “o estudo mostra um aumento significativo das taxas de gravidez no grupo de embriões que colapsou durante o seu desenvolvimento, para o qual uma Eclosão Assistida é realizada após descongelação, passando de 48% para 60%”. E acrescenta que, “graças às incubadoras com sistema integrado de Time-Lapse e à Inteligência Artificial é possível detetar automaticamente e com precisão este fenómeno de colapso, o que permite identificar os embriões com menor potencial reprodutivo”.
A técnica de eclosão assistida foi realizada por laser, removendo um quarto da zona pelúcida do embrião, cujo objetivo era demonstrar que a diminuição da implantação de embriões em colapso pode ser melhorada ou revertida por esta eclosão assistida em embriões descongelados para transferência embrionária.
“Apesar do efeito nocivo do colapso no potencial reprodutivo do embrião, a Eclosão Assistida ajuda-nos a otimizar o potencial reprodutivo do embrião, pelo que está a emergir como uma técnica a incorporar na rotina dos laboratórios de fertilização in vitro (FIV) para melhorar as taxas de gravidez e implantação, melhorando finalmente os resultados dos pacientes nos seus processos de reprodução assistida”, conclui a Dra. Sofia Nunes, diretora do Laboratório de Fecundação in vitro do IVI Lisboa.
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