A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) realiza uma sessão de esclarecimento e debate, online, de acesso livre, dirigida a doentes e familiares, para assinalar o Dia Mundial das Doenças Inflamatórias, amanhã, 19 de maio, pelas 21horas, no Facebook da Saúde Digestiva by SPG.
O evento conta com as gastrenterologistas Marília Cravo e Joana Torres, ambas da SPG, e a nutricionista Sónia Velho. Em representação dos doentes participam também Ana Sampaio, presidente Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino, e Vera Gomes, presidente da Associação CrohnColite Portugal.
Esta é mais uma iniciativa de consciencialização e compreensão das DII, no âmbito da campanha intitulada “Não chegues atrasado ao diagnóstico”, da SPG, criada com o objetivo de, por um lado, reforçar a importância do diagnóstico e do tratamento precoce e, por outro, de contribuir para um maior esclarecimento de temas que se relacionam com a doença como a alimentação, um dos temas que vão ser abordados nesta conversa.
“As DII são doenças crónicas, autoimunes, do tubo digestivo e incluem a doença de Crohn e a colite ulcerosa. Registam baixa mortalidade, mas elevada morbilidade e, por isso, têm um grande impacto na qualidade de vida”, esclarece Marília Cravo, vice-presidente da SPG, acrescentando que “são doenças cuja incidência tem vindo a aumentar. Em Portugal, estima-se que afetem cerca de 25 mil pessoas. Afetam principalmente jovens adultos, e pode ter consequências devastadoras na sua qualidade de vida, produtividade laboral, e relações íntimas”.
Atrasos no diagnóstico
Estudos demonstram que existe um atraso significativo no diagnóstico em doentes com DII, especialmente com doença de Crohn. É comum que os doentes referiam queixas com muito tempo de evolução, que nunca foram devidamente valorizadas ou interpretadas, levando ao atraso, muitas vezes de anos, entre o início dos sintomas e o diagnóstico.
As manifestações mais frequentes são as dores abdominais e a diarreia cuja evolução pode ser flutuante. Estas alterações do trânsito intestinal e cólicas abdominais levam os doentes a fazer dietas restritivas e, como tal, é também frequente os mesmos referirem perda de peso.
Sendo doenças autoimunes, são referidas as chamadas manifestações extraintestinais como dores nas articulações, episódios de olho vermelho ou manifestações cutâneas como nódulos dolorosos de cor arroxeada que aparecem sobretudo nas pernas.
A importância do tratamento precoce
Não se conhece exatamente a origem das DII, mas pensa-se que resulta de uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais, do sistema imunitário e da flora intestinal que leva ao desenvolvimento de inflamação crónica no intestino.
Este é um desafio dos profissionais de saúde que diariamente assistem estes doentes que muitas vezes não identificam os seus sintomas.
Joana Torres, da SPG, explica que “esta uma área de investigação em expansão o que poderá permitir redefinir a forma como abordamos a doença nos próximos anos” e sublinha que “até lá, e na ausência de nenhuma estratégia preventiva claramente comprovada, promover uma microbiota saudável (evitar antibióticos desnecessários no início de vida, promover aleitamento materno, promover uso de dieta mediterrânica sem conservantes, entre outras), evitar tabagismo, são estratégias de vida saudável que a SPG, com iniciativas como esta, promove junto da população”.