Ontem, 29 de outubro, o mundo uniu-se para celebrar o Dia Mundial do AVC (acidente vascular cerebral). A data tem como objetivo aumentar a consciencialização sobre esta doença, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Artigo da responsabilidade da Dra. Teresa Fonseca. Assistente Hospitalar Graduada Sénior de Medicina Interna. Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da SPMI

 

 

O AVC é uma emergência médica, sendo atualmente a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal. A cada hora que passa, há três portugueses que sofrem um acidente vascular cerebral, um deles não sobreviverá, e metade dos sobreviventes poderão ficar com sequelas incapacitantes.

O tema do Dia Mundial do AVC deste ano, proposto pela OMS, é: “Juntos, somos maiores que o AVC”, enfatizando a importância da colaboração entre profissionais de saúde, autoridades governamentais, organizações não governamentais e sociedade em geral, para prevenir, diagnosticar e tratar melhor esta doença.

O que é um AVC?

O AVC ocorre quando o suprimento de sangue para uma parte do cérebro é interrompido ou reduzido, resultando numa lesão cerebral. Existem dois tipos principais de AVC: o isquémico, quando um vaso sanguíneo é bloqueado por um coágulo ou placa de ateromatose, e o hemorrágico, que acontece quando um vaso sanguíneo se rompe e causa sangramento no cérebro.

Consciencialização e prevenção

A consciencialização sobre o AVC é essencial para prevenir a ocorrência de casos e reduzir as suas consequências. É importante que as pessoas conheçam os principais fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, sedentarismo e obesidade. Além disso, é fundamental incentivar hábitos de vida saudáveis, como a prática regular de exercício físico, alimentação equilibrada, com redução da ingestão de sal, controle da pressão arterial, evitando o consumo excessivo de álcool e o tabagismo. É importante refletir no facto de que cerca de 80% dos AVC podem ser prevenidos com hábitos de vida saudável e controlo dos fatores de risco.

É também importante promover a educação da população, para reconhecer os sinais de alarme de um AVC, como instalação súbita de falta de força num lado do corpo, dificuldade em falar, visão turva, tonturas e dor de cabeça intensa e súbita.

São importantes as campanhas com divulgação dos sinais de alarme mais frequentes, habitualmente designados por “3 Fs”: falta de Força num braço, Face assimétrica, com boca ao lado e dificuldade em Falar. Ao reconhecer esses sinais, é imprescindível buscar atendimento médico imediato, pois cada minuto conta para minimizar os danos causados pelo AVC. A população deve saber que, perante estes sintomas, deve ligar imediatamente para o número nacional de emergência: 112. Desse modo, o INEM aciona a Via Verde do AVC, sendo disponibilizados meios de auxílio para transportar o doente ao hospital com capacidade para proporcionar o tratamento adequado, no mais curto espaço de tempo.

Atendimento de emergência

Nos últimos 25 anos houve enormes progressos no tratamento da fase aguda do AVC. Existem novos tratamentos, muito eficazes, conseguindo por vezes reverter completamente os sintomas, mas que sua eficácia depende em grande parte da rapidez com que o doente chega ao hospital.

Os profissionais de saúde devem estar preparados para agir rapidamente e realizar exames como a tomografia computadorizada, para diagnosticar o tipo de AVC e determinar a melhor abordagem terapêutica. Nalguns casos podem ser administrados medicamentos trombolíticos, para dissolver o coágulo, noutros estes poderão ser retirados através de trombectomia, após cateterização dos vasos cerebrais por um neurorradiologista de intervenção, conseguindo assim restaurar o fluxo sanguíneo cerebral.

Reabilitação

Após o tratamento agudo, a reabilitação desempenha um papel fundamental na recuperação dos doentes. A fisioterapia, a terapia da fala e a terapia ocupacional são essenciais para ajudar os sobreviventes do AVC a recuperar as suas capacidades motoras, cognitivas e de comunicação. É importante que haja um suporte contínuo para que cada individuo possa retomar as suas atividades diárias e reintegrar-se na família e sociedade.

Conclusão

A comemoração do Dia Mundial do AVC é uma oportunidade para aumentar a consciencialização sobre esta doença devastadora. É responsabilidade de todos nós promover uma cultura de cuidado com a saúde, adotando hábitos saudáveis e estando atentos aos sinais de alerta. Juntos, podemos fazer a diferença na luta contra o AVC.