Fixe esta ideia: a depressão é uma doença que requer tratamento! Daí a importância de procurar ajuda especializada o mais precocemente possível. Sem rodeios, sem tabus!

Artigo da responsabilidade do Dr. João Carlos Ramos. Médico de Medicina Geral e Familiar no Hospital Lusíadas Lisboa

 

Embora não existam dados exatos relativos à frequência da depressão em Portugal, estima-se que as formas mais graves afetem entre 2 e 3% dos homens e entre 5 e 9% das mulheres. Tratando-se de formas mais ligeiras de depressão, a percentagem aumenta para mais de 20 por cento.

Fique a par da diferença entre tristeza e depressão, os sinais a que deve estar atento e as terapêuticas disponíveis.

TRISTEZA OU DEPRESSÃO?

A depressão não deve ser confundida com tristeza, embora esta seja um dos sintomas de depressão. No entanto, geralmente, a tristeza surge como reação a um determinado acontecimento e é temporária, enquanto a depressão persiste se não houver tratamento, causando sofrimento e interferindo nas atividades diárias, no rendimento profissional e na esfera familiar.

CAUSAS DA DEPRESSÃO

Acontecimentos traumáticos podem desencadear a depressão ou promover episódios depressivos. Hoje, sabe-se também que o tipo de personalidade e a forma como lidamos com as adversidades pode estar ligado a uma menor ou maior predisposição para a depressão.

A nível geral, a depressão parece resultar de uma combinação de fatores do foro genético, ambiental, biológico e psicológico.

SINTOMAS: APRENDA A RECONHECÊ-LOS 

Segundo o DSM-IV-TR (guia para classificação de doenças mentais), podemos classificar a depressão segundo os seguintes critérios:

  1. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma alteração a partir do funcionamento anterior; pelo menos, um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer:
  2. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo (por exemplo, sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros (por exemplo, chora muito);
  3. Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato subjetivo ou observação feita por outros);
  4. Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por exemplo, mais de 5% do peso corporal em um mês) ou diminuição ou aumento do apetite, quase todos os dias;
  5. Insónia ou hipersónia, quase todos os dias;
  6. Agitação ou lentificação psicomotora, quase todos os dias;
  7. Fadiga ou perda de energia, quase todos os dias;
  8. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante), quase todos os dias;
  9. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros);
  10. Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.

Nota – Não incluir sintomas nitidamente devidos a uma condição médica geral ou alucinações ou delírios incongruentes com o humor.

  1. Os sintomas não satisfazem os critérios para um Episódio Misto.
  2. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
  3. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por exemplo, droga de abuso ou medicamento) ou de uma condição médica geral (por exemplo, hipotiroidismo).

TIPOS DE DEPRESSÃO

Para classificarmos qualquer tipo de depressão, temos sempre de considerar o espaço de duas semanas. A depressão “minor” trata-se de uma depressão com menos sintomas dos referidos acima e a “major” com mais sintomas e maior carga emocional.

Leia o artigo completo na edição de abril 2023 (nº 337)