Já se encontra em Portugal, desde 2016, uma das mais recentes inovações na luta contra o cancro. Trata-se da Cyberknife M6, um equipamento de radiocirurgia/ radioterapia robótica, o primeiro a ser instalado na Península Ibérica.

 

Artigo da responsabilidade da Dra. Maria Adelina Costa, Diretora Clínica do Departamento de Radioncologia – Júlio Teixeira SA, no Instituto CUF Porto

 

A necessidade crescente de evoluir no que concerne ao tratamento da doença oncológica obriga ao esforço de nos mantermos atualizados, no sentido de podermos oferecer aos nossos doentes o melhor tratamento possível e adequado a cada caso.

Dúvidas já não existem de que a abordagem da doença oncológica tem evoluído de forma acentuada nos últimos anos e a Radioncologia não é exceção. Como resultado de um melhor conhecimento dos mecanismos subjacentes à génese tumoral e seu comportamento biológico, a par da evolução tecnológica nesta área, podemos atualmente integrar novas soluções terapêuticas na forma de tratar esta doença.

TRATAMENTO ALTAMENTE PRECISO

A Cyberknife é o único sistema robótico de Radiocirurgia que oferece um tratamento altamente preciso e não invasivo para lesões tumorais situadas em qualquer parte do corpo.

O termo “radiocirurgia” refere-se à precisão do tratamento, ou seja, “cirúrgico” no sentido de ser altamente direcionado, focado para tratar o tumor com uma precisão submilimétrica. No fundo, é um tratamento de Radioterapia que oferece às equipas que têm a oportunidade de lidar diariamente com este equipamento a confiança necessária para abordar uma ampla variedade de tumores malignos e alguns casos de tumores benignos, sem afetar de modo significativo a qualidade de vida dos doentes.

A abordagem efetuada pela Radiocirurgia com Cyberknife permite tratamentos de Radioterapia com uma precisão submilimétrica, ao conseguir debitar altas doses de radiação de um modo focalizado, ao mesmo tempo que minimiza a dose aos tecidos normais adjacentes, com uma precisão superior à obtida com Radioterapia convencional. Isto é possível graças à versatilidade do seu braço robótico, que permite fazer incidir feixes de radiação em todas as direções, e do software que coordena a posição do robot, com a monitorização contínua da posição do tumor ao longo do tratamento, através de um sistema de imagem.

Desde o início da sua utilização que o objetivo da Radioterapia é debitar o máximo de dose possível à lesão tumoral, quer seja benigna ou maligna e, em simultâneo, o mínimo de radiação aos tecidos normais adjacentes. Na realidade, o que condiciona o referido tratamento são as reações adversas que podem surgir ao ser ultrapassada a dose de tolerância destes tecidos. Como dose de tolerância compreende-se a dose a partir da qual os efeitos adversos do tratamento se sobrepõem aos efeitos terapêuticos. Assim sendo, todos os esforços efetuados no sentido de conseguir uma escalada de dose ao tumor devem ser feitos, na tentativa de obter uma maior probabilidade de cura da doença.

Realizar tratamentos mais localizados e precisos permite, por isso, a abordagem de lesões tumorais antes consideradas sem indicação para Radioterapia. Podemos mesmo dizer que, atualmente, efetuamos tratamentos que seriam impensáveis até há alguns anos.

Leia o artigo completo na edição de julho/agosto 2019 (nº 296)