O ar livre, o bom tempo e os dias sem escola parecem contribuir imenso para a saúde das crianças. Porém, não se deve baixar a guarda. Os riscos do calor estival são muitos, mas podem evitar-se, tomando algumas precauções.
Muitas vezes, as urgências pediátricas dos locais de veraneio entram em rutura durante os meses de verão. Quais as causas? De acordo com as estatísticas, o primeiro lugar é ocupado pelas infeções gastrointestinais; seguem-se as picadas de insetos e as quedas; por fim, as insolações e os golpes de calor. Todas estas perturbações estão ligadas às altas temperaturas e têm em comum uma fácil prevenção. Este é, afinal, o objetivo dos conselhos que a seguir lhe damos.
Mergulhos seguros
Não há verão sem banhos, mas os especialistas recomendam que os bebés com menos de 6 meses não tomem banho nas piscinas públicas, pois o cloro poderia afetar a sua delicada pele. A água do mar também não é muito recomendável nestas idades: o sal pode irritar e, enquanto dura o banho, a água atua como um potenciador dos raios solares. Então, que possibilidades ficam? Basta refrescá-lo com uma esponja húmida ou encher uma piscina insuflável com água doce, limpa e previamente aquecida pelo sol.
No caso dos mais crescidos, a segurança é o mais importante. Mesmo que saibam nadar, nunca devem estar sozinhos na praia ou na piscina. As estatísticas refletem um aumento alarmante do número de internamentos de crianças com traumatismos muito graves, causados por se atirarem de cabeça em águas pouco profundas. As escorregadelas nas piscinas também são frequentes e a maioria poderiam evitar-se, calçando a criança com sandálias de borracha.
Atenção ao Sol
As investigações mais recentes em Dermatologia relacionam claramente as queimaduras solares nas crianças com um aumento do risco de sofrer cancro da pele, na idade adulta.
Por isso, os especialistas insistem que as crianças nunca devem expor-se ao diretamente sol. Quanto aos pais, cabe proteger os seus filhos com chapéus, camisas e cremes solares com um fator de proteção elevado, evitando os raios solares durante as horas centrais do dia – das 11 às 17 horas –, quando a radiação UV – a mais nociva – é muito elevada.
Os cremes protetores são indispensáveis e devem aplicar-se sempre que as crianças vão passar várias horas ao ar livre. Para que sejam realmente eficazes, devem ter um fator de proteção elevado – entre 30 e 50 –, há que espalhá-los meia hora antes da exposição ao sol e renovar a aplicação cada duas horas ou, inclusive, menos tempo, se entram e saem da água. Com o sol, toda a prevenção é pouca e mais vale pecar por excesso do que por defeito.
No caso destas medidas falharem e se produzirem queimaduras – vermelhidão com ardor –, devemos arrefecer a pele com uma esponja suave e aplicar uma boa loção hidratante, sem gordura nem óleos. Se se formarem bolhas ou a criança tiver febre, deve ser levada ao médico, o mais depressa possível.
Riscos do calor
Quando o calor aperta, o organismo dispõe de mecanismos para regular a temperatura corporal, dentro de limites bastante amplos, uma propriedade chamada termorregulação. Mas este mecanismo, por vezes, falha nas crianças. Produz-se, então, uma perda importante de líquidos e um aumento da temperatura, que pode provocar perturbações bastante sérias, a saber:
INSOLAÇÃO – As crianças mostram-se cansadas, pálidas ou, pelo contrário, com a pele vermelha. Não têm apetite, mas sim uma sede excessiva. Costuma doer-lhes a cabeça e sentem enjoos ou vómitos. Enquanto espera pelo médico, dê-lhe a beber água e sumos. Também é eficaz humedecer o corpo da criança com uma esponja húmida.
GOLPE DE CALOR – A criança apresenta-se muito quente, mas não sua, tem febre, dores de cabeça ou vertigens e, por vezes, delírios. Nestes casos, há que correr para o hospital, pois o golpe de calor pode ter consequências muito graves. Mas antes, deve procurar baixar a temperatura corporal, banhando a criança em água tépida ou envolvendo-a numa toalha húmida.
Para prevenir estas perturbações, recomenda-se beber frequentemente, sem esperar ter sede; evitar bebidas com cafeína ou muito açucaradas; não se expor ao sol; reduzir a atividade física, quando o calor for excessivo; e não deixar as crianças no interior do automóveis.
Leia o artigo completo na edição de julho-agosto 2022 (nº 329)