Rui Mário, 6 anos, paralisia cerebral. A 29 de maio deverá ir com os pais à Tailândia, para um tratamento com células-tronco. Porque a mãe, Cristina, sabe que “é possível sonhar com mais”. Mas a esperança está a precisar de apoio.
Texto de Maria de Lurdes Godinho
Cristina Ferreira é uma mulher de fé. Fé no Divino e fé em que, de vez em quando alguém, entre milhões, encontre um intervalo no tempo corrido de todos os dias e se disponha a repartir um pouco de solidariedade, mesmo que, tal como disse há dias num programa de TV, seja “apenas” com a força do amor, nalgumas palavras de apoio…
Tempo… O tempo mudou radicalmente para esta família de Vila Nova de Gaia quando o Rui Mário, ao nascer, ficou com paralisia cerebral.
Estava-se em 2016 e “um atraso hospitalar na decisão de cesariana”, segundo conta a mãe, ocasionou que algumas células do cérebro começassem a morrer, por falta de oxigénio.
Como consequência o menino, agora quase com 7 anos, não anda, não fala, não se senta sozinho, não sabe brincar, tem dificuldade em comer, etc…
Terapias pagas com produtos para reciclar
Costuma dizer-se que o tempo é o que fazemos dele, e Cristina Ferreira não teve outra opção a não ser dedicar as suas 24 horas aos cuidados com o filho, dia após dia. E hoje pode orgulhar-se de alguns progressos conseguidos, à custa de várias terapias, e muito amor e dedicação.
Já agora, terapias “pagas” com os contributos de muita gente que junta tampinhas de plástico e metal e rolhas de cortiça que a família recolhe nos pontos de entrega (endereços no FB), recebendo 41 cêntimos por cada quilo conseguido… – e contando também com o apoio de empresas nessa ação.
Mas nas suas contínuas partilhas com outras famílias de idêntico problema, e pesquisas que tem feito, esta mãe encontrou esperança num tratamento inovador, com células-tronco.
Também conhecidas como células fonte, são um tipo muito específico de células, capazes de dar origem a outras células, e desempenhando assim um importantíssimo papel na reposição celular e na regeneração tecidual.
Ou seja, introduzidas no organismo da criança irão substituir as que ficaram lesionadas.
Este tratamento, que será feito no Better Being Hospital, em Bangkok (hospital que tem uma parceria com a Beike Biotechnology), decorrerá durante vinte e um dias, com 6 injeções de milhares de células que se irão moldar às falhas do organismo, ajudando as afetadas na altura do parto. E Cristina espera que, com ele, o Rui Mário consiga melhorar bastante, e até mesmo, andar!
https://www.facebook.com/ajornadadoruimarioonossoatleta/
Depois de saber deste caso num programa de TV e ver a página de Facebook de Rui Mário, liguei à Cristina. E soube que a viagem para a Tailândia já está marcada, para 29 de maio.
Perguntei: “E se não conseguirem, até lá, juntar a verba necessária?”
Cristina respondeu: “Vamos conseguir! Acredita que, a dois dias da data-limite para a marcação da viagem, de repente conseguimos reunir os 20% do total, que eram necessários?”
Cristina tinha pensado inicialmente ir ela com o filho. Mas a logística, complicada, e o facto de terem de permanecer em Banguecoque durante as três semanas do tratamento, tornou imperativo que o marido, Mário, fosse também.
E depois ela achou por bem levar igualmente a filha mais nova do casal, a Mónica que, como é óbvio, nos seus 4 aninhos, precisa também da atenção dos pais…
Então, é isto.
Um quase nada de muitas pessoas pode tornar-se num quase muito. Ou mesmo num surpreendente e feliz desenlace, se os objetivos forem alcançados. Caso contrário, ficará pelo menos a garantia de que todos os esforços foram feitos.
Porque a Cristina é uma mulher de muita luta e tem o apoio do marido confirmado a “50 /50”…
E do trabalho em equipa a somar à fé e à eficácia desejada das células-tronco, quem sabe o que de bom o Universo lhes reserva?
Vamos também ajudar?
CONTACTOS: cristinaferreirakika@gmail.com
Telem.: 917 406 222
Células-tronco: o que são?
As células-tronco – ou células estaminais – são células que permanecem indiferenciadas, ou seja, ainda não passaram pelo processo de diferenciação celular. Podemos definir célula estaminal como uma célula que, quando se divide, produz uma célula que retém esse caráter indiferenciado e uma segunda célula que pode sofrer diferenciação. Com isso, vemos que uma célula estaminal tem o potencial de se renovar a cada divisão enquanto também produz uma célula filha capaz de responder ao seu ambiente, diferenciando-se de maneira particular.
Há casos de células estaminais que permanecem no seu nicho enquanto as suas irmãs acabam por deixá-las e diferenciar-se.
You must be logged in to post a comment.