A Medicina do Viajante salva vidas, previne doenças potencialmente graves e assegura que a experiência da viagem decorra com segurança.

Artigo da responsabilidade da Dra. Joana Fernandes. Especialista em Medicina Geral e Familiar e Medicina do Viajante do Hospital Trofa Saúde Amadora

 

Vivemos num mundo cada vez mais interligado, onde a circulação global de pessoas é frequente, seja por motivos profissionais ou de lazer. A saúde em viagem é, por isso, uma preocupação crescente e é neste contexto que surge a Consulta do Viajante – uma oportunidade essencial para quem se prepara para viajar e quer garantir uma deslocação segura e informada.

O QUE É A MEDICINA DO VIAJANTE?

A Medicina do Viajante é uma área da Medicina que tem como principal objetivo orientar o viajante antes da sua deslocação, antecipando riscos e promovendo medidas preventivas para evitar doenças relacionadas com o destino. Cada consulta é personalizada, tendo em conta as características do viajante, o seu estado de saúde, os destinos a visitar e as atividades planeadas. O objetivo é que, no final da consulta, o viajante esteja plenamente consciente dos riscos que poderá enfrentar e saiba como os prevenir ou minimizar.

QUEM DEVE MARCAR UMA CONSULTA?

Mesmo viagens consideradas simples podem implicar riscos para a saúde, pelo que a preparação adequada é fundamental. Deve considerar marcar esta consulta, especialmente se for:

Viajante que nunca viajou para fora da Europa – Muitas doenças tropicais e infecciosas são desconhecidas para quem vive em regiões temperadas. Viajar para destinos onde existe maior risco de doenças transmitidas por mosquitos, alimentos, água ou contacto com animais exige uma preparação específica;

Quem desconhece os riscos do destino – Cada país – e até mesmo regiões dentro do mesmo país – podem apresentar perfis epidemiológicos distintos. Conhecer as doenças locais, as vacinas obrigatórias e as medidas preventivas é essencial para evitar surpresas desagradáveis durante a viagem;

Grávida ou quem planeia engravidar – A gravidez altera o sistema imunitário e algumas vacinas ou medicamentos não são recomendados durante este período. Além disso, certas doenças infecciosas podem afetar o feto, tornando indispensável uma avaliação especializada antes da deslocação;

Crianças e idosos – Estes grupos têm sistemas imunitários mais frágeis ou comprometidos, o que aumenta o risco de complicações caso contraiam uma doença infecciosa. É necessário ajustar as vacinas e os cuidados para garantir a máxima segurança,

Pessoas imunocomprometidas – Indivíduos com doenças crónicas ou que estejam a realizar tratamentos imunossupressores – como quimioterapia, uso prolongado de corticosteroides, etc. – necessitam de uma abordagem individualizada para garantir segurança nas vacinas e profilaxias;

Profissionais que viajam em trabalho para zonas de risco – Médicos, veterinários, trabalhadores rurais, militares, cientistas e outros que operem em áreas com elevado risco de exposição a agentes infecciosos devem receber orientações específicas, incluindo vacinação pré-exposição, como é o caso da vacina contra a raiva;

Turistas aventureiros e mochileiros – Quem pretende fazer trekking, campismo, escalada ou visitar zonas remotas deve estar preparado para riscos específicos, como malária, doenças transmitidas por carraças ou acidentes com animais selvagens;

Quem planeia realizar atividades de risco ou desportos específicos – Mergulho, desportos de aventura ou atividades em altitude exigem aconselhamento para prevenir complicações, como doença descompressiva, mal da altitude ou acidentes.

Leia o artigo completo na edição de julho/agosto 2025 (nº 362)