Com o passar do tempo, aproximadamente 40% dos diabéticos desenvolvem complicações em órgãos e sistemas do corpo humano. O bom controlo metabólico e o diagnóstico precoce são as principais armas para prevenir ou atrasar o início das complicações.

São múltiplas as complicações que podem afetar o doente diabético, incidindo sobre variados órgãos e sistemas. Destacam-se as chamadas complicações microvasculares e macrovasculares. Comecemos pelas primeiras.

Complicações microvasculares

A diabetes é uma das principais causas de cegueira adquirida – por retinopatia e cataratas – e, também, de insuficiência renal, com necessidade de hemodiálise.

Retinopatia – É a perturbação ou diminuição da visão, por lesões dos pequenos vasos dos olhos. Algumas lesões nos vasos da retina são evidentes em 90% de todas as pessoas que têm diabetes há mais de 15 anos.

Nefropatia – É a doença renal, provocada por lesão dos pequenos vasos sanguíneos dos rins. Calcula-se que 12% dos adultos com diabetes sofrem desta complicação. A nefropatia diabética é a primeira causa de insuficiência renal em Portugal e, consequentemente, uma das maiores causas de doença e morte prematura nos diabéticos.

Neuropatia – Trata-se de lesões dos nervos periféricos e/ou motores. A neuropatia leva, por vezes, a uma diminuição da sensibilidade, o que pode facilitar o aparecimento de feridas, úlceras e queimaduras nos pés. Pode, ainda, causar impotência sexual nos homens, por compromisso neurológico do pénis. Cerca de 40% a 50% das pessoas com diabetes são afetadas pela neuropatia.

Complicações macrovasculares

A diabetes, mesmo ligeira, é um dos mais importantes fatores de risco de doença cardiovascular, a principal causa de morte no nosso país.

A doença cardiovascular ataca o coração e os vasos sanguíneos. Assim, os diabéticos têm maior risco de doença coronária, manifestada por angina de peito ou enfarte do miocárdio, e de tromboses cerebrais.

Além desta ameaça, a diabetes também acelera a aterosclerose nas pernas e pés, podendo levar à má circulação do sangue nos membros inferiores, a qual pode conduzir à gangrena e obrigar à amputação dos pés e pernas. A diabetes é, de resto, a principal causa não traumática de amputação dos membros inferiores.

Os adultos diabéticos têm duas vezes mais probabilidades de serem hipertensos, do que os adultos saudáveis.

Outras Complicações

Os diabéticos são mais suscetíveis a infeções da boca e das gengivas, a infeções urinárias, infeções dos pés e, ainda, a infeções das cicatrizes depois de cirurgias, se os níveis de açúcar no sangue não estiverem bem controlados.

Meios de prevenção

Todos estes perigos podem, contudo, ser prevenidos, se o diabético conseguir ter um bom controlo da glicemia, da tensão arterial e dos lípidos, se conseguir ter uma vida com bons hábitos alimentares e de exercício físico, não fumar e tiver cuidado com a higiene e vigilância dos seus pés.

Além disso, é necessária a vigilância oftalmológica periódica, sem a qual as lesões iniciais da retinopatia podem passar despercebidas.

É, também, necessária a realização de análises periódicas, para pesquisa da microalbuminúria, que pode detetar o risco de lesão renal, além dos habituais exames ao sangue, para controlo da diabetes – hemoglobina A1c glicada –, dos lípidos –  colesterol e triglicéridos –  e da função renal – ureia e creatinina.

Leia o artigo completo na edição de outubro 2020 (nº 309)