Quando algumas vertentes científicas ou filosóficas nos dizem que o ser humano tem um potencial infinito, acredito que se referem ao potencial ilimitado da mente. Mas, se existe todo este potencial, o que limita verdadeiramente a nossa mente? E como podemos superar esses limites? Há uma série de fatores para esta limitação e neste artigo vamos explorar três deles.

Artigo da responsabilidade de Mário Caetano, coach, autor e palestrante

A forma como pensamos, também chamada de mindset, afeta toda a nossa vida. E a nossa vida expande-se em função das conquistas que fazemos. Mas o que há para conquistar na vida? A maior parte de nós, ao responder a esta pergunta, eventualmente diria: “uma casa de sonho, um carro confortável, uma profissão na qual seja reconhecido, poder viajar para onde quero”. Ao alcançar estes objetivos, é gerado em nós um sentimento de felicidade, de alegria, de sentido, de missão e de paz interior. A grande armadilha é que podemos passar uma vida inteira a tentar conquistar tudo isto, que está fora, para pacificar o que está dentro.

A VERDADEIRA CONQUISTA

Na minha opinião, a verdadeira conquista acontece quando nos conseguimos conquistar a nós próprios. E a partir desse momento surge outra pergunta: “Mas como é que te consegues conquistar?”.

Para te conquistares é necessário haver dois de ti. Uma parte à qual eu chamo de EU verdadeiro e os tibetanos apelidam de Rigpa, e a outra parte à qual eu chamo de falso EU, ou mente condicionada.

Esta é uma das lições mais importantes que se pode aprender, que é distinguir entre o EU verdadeiro e o falso EU. O EU verdadeiro é aquele que chegou a este mundo de forma espontânea, autêntica e livre. O falso EU é aquele que tu aprendeste a ser.

Pessoalmente, passei metade da vida inconscientemente apegado ao falso EU, perseguindo um sonho que não era meu. Segui a área de contabilidade e economia até ao 12.º ano e depois fui tirar o curso superior de gestão de banca e seguros.

Aos 21 anos, e durante a frequência do terceiro ano desse curso, constatei que era uma pessoa altamente triste, pois pela primeira vez na vida percebi que estava a perseguir os sonhos que os meus pais tinham para mim. Estava a conduzir a minha vida pelas regras do falso EU e escolhi tomar uma decisão: abandonar o curso e parar de tentar conquistar aquilo que me entristecia.

PONTOS CRÍTICOS

Todos temos uma vida para viver e um tempo limitado para que isso aconteça. Quanto mais tempo passamos no falso EU, mais limites mentais criamos e menos sentido trazemos à nossa vida, e a vida é acerca de plenitude, alegria e realização. Para alcançarmos estes estados emocionais existem quatro pontos críticos que quero frisar:

  1. O falso EU foi criado primariamente por ti para conseguires sobreviver, não crescer. A plenitude e a pacificação vêm da expansão autêntica e verdadeira.
  2. A forma de pensar e de ser do falso EU está baseada em suposições de ti enquanto criança. Essas suposições podem ser desmanteladas apenas por ti.
  3. Nós fomos condicionados por todos os “deves e não deves fazer” dos nossos pais, professores, líderes religiosos, comunicação social e amigos, que nos disseram e demonstraram como a vida deveria ser vivida segundo o seu mapa de crenças e valores. Vive a vida segundo os teus termos.
  4. O programa que tens instalado dentro de ti e a personalidade que criaste como resultado desse programa não é o teu EU verdadeiro. É apenas uma gravação da informação de criança armazenada num disco que toca automática e repetidamente. Essa gravação é conhecida como a pequena voz na tua cabeça. Essa pequena voz não te diz quem tu és. Tu não és o disco, és o gravador. Tu não és o programa, és o computador. Tu não és o que está dentro do copo, és o copo. Tu não és a tua mente condicionada, a tua mente condicionada faz parte de ti.

A chave para o verdadeiro poder e liberdade é deixares de te identificar com a tua mente condicionada, observando a tua mente de outra perspetiva.

E porque é que isto não é óbvio? Porque somos como um peixe na água e o peixe não sabe que está na água até estar fora da água. Não sabemos que somos o nosso falso EU até sairmos do nosso falso EU e o reconhecermos. O que tens procurado toda a tua vida é o teu EU verdadeiro e o primeiro passo para superar os limites da tua mente é perceberes como aceder a ele.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2022 (nº 330)