Três aspetos caracterizam as mães de hoje: a maioria tem mais de 30 anos, ocupam uma posição igualitária do mundo do trabalho e o número de filhos que geram raramente ultrapassa a unidade. Quais as razões que condicionam este modelo?

Os especialistas reconhecem que é algo tarde, mas a verdade é que, atualmente, as mulheres portuguesas não sentem o apelo da maternidade senão por volta dos 30 anos. Com efeito, a idade tardia com que se casam ou têm uma relação de facto, o tempo dedicado aos estudos, o desejo de progredirem na carreira e a dificuldade em arranjar casa são algumas das razões que explicam este fenómeno. E também não parece que haja tendência para mudar, uma vez que não é previsível o encurtamento dos estudos, o que contribui, desde logo, no sentido de atrasar o calendário da maternidade.

Outras prioridades

As mulheres de hoje deixaram de ter como única meta nas suas vidas a de serem mães. Os estudos e a carreira profissional são de extrema importância, o que acaba por colocar a maternidade em segundo plano.

O papel da mulher mudou muito nas últimas décadas. Elas deram-se conta de que as “super mulheres” não existem e que, na realidade, não é possível estar a 100% em todas as parcelas da vida.

Se considerarmos que o Estado destina uma pequeníssima percentagem do Produto Interno Bruto para a ajuda às famílias, os entraves são ainda mais compreensíveis. As mulheres necessitariam, por exemplo, de mais flexibilidade no emprego, mais infantários e colégios públicos com ampliação de horários, entre outras facilidades.

“Novas mães”

Apesar de tudo, a maternidade está na moda. Não há quem não considere a maternidade como parte fundamental da construção da mulher.

Moda ou não, a possibilidade da maternidade tem entusiasmado mesmo as mulheres sem parceiro ou com parceiro do mesmo género, muito graças às modernas técnicas de reprodução assistida, as quais abriram possibilidades impensáveis há umas décadas atrás.

Assim, nos últimos anos, a proporção de mães a solo tem aumentado consideravelmente.

Esta é uma tendência comum a muitos países da Europa. Embora não disponhamos de dados nacionais, refira-se que, na vizinha Espanha, segundo informações do Serviço de Medicina da Reprodução do Instituto Dexeus, de Barcelona, mais de 40% das inseminações com sémen de dadores corresponderam a mulheres a solo, cuja idade ronda os 36 anos.

Um ou dois, no máximo

Qualquer que seja o grupo a que correspondem, as mulheres de hoje limitam fortemente o número de filhos que desejam criar. E as razões que as levam a reduzir a prole são variadas. Embora muitas declarem que gostariam de ter mais crianças, cerca de um terço fica-se por apenas um filho – ou dois, no máximo –, alegando insuficiência de recursos económicos.

Leia o artigo completo na edição de abril 2025 (nº 359)