A hipercolesterolemia é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de metade da população adulta em Portugal. Para muitos, a grande dúvida é o que podem e não podem comer.

 

Cerca de metade dos portugueses têm o colesterol elevado. Os valores mais altos registam-se em mulheres pós-menopáusicas. Estes são dados de um estudo “VALSIM – Caracterização do perfil lipídico nos utentes dos cuidados de saúde primários em Portugal”, apresentado em 2016.

De acordo com o mesmo estudo, detetou-se hipercolesterolemia (igual ou superior a 200mg/dl) em 47% dos 16.856 indivíduos avaliados, e níveis aumentados de colesterol LDL (igual ou superior a 130mg/dl) em 38,4% da amostra. Em média, a taxa de colesterol total é de 206 mg por decilitro de sangue, valor bastante superior à taxa recomendada pela Sociedade Portuguesa de Aterosclerose, que estabelece limites inferiores a 190 mg/dl.

A hipercolesterolemia pode ter várias causas, entre elas: uma alimentação com excessiva ingestão de alimentos ricos em colesterol e baixa ingestão de alimentos ricos em fibras – frutas, vegetais e legumes; excesso de peso; reduzida atividade física; ou ainda fatores genéticos ou hereditários.

Função do colesterol

Apesar de ser prejudicial para a saúde quando existem níveis elevados, o colesterol tem importantes funções no organismo humano. Este composto é necessário para construir e manter as membranas que revestem todas as células do nosso corpo, é um coadjuvante na síntese dos sais biliares, é importante para o metabolismo das vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, K, E e D) e na formação das hormonas sexuais.

O colesterol não existe nos vegetais, apenas no organismo dos animais. Por isso, vegetais, legumes, frutas, cereais, leguminosas, tubérculos… não contêm colesterol. No entanto, podem conter vestígios de outro tipo de gorduras.

A gordura saturada é um tipo de gordura que, quando ingerida, aumenta a quantidade de colesterol no organismo e está presente, principalmente, nos alimentos de origem animal. A carne vermelha, mesmo quando aparentemente magra, apresenta moléculas de colesterol entre as suas fibras e, por isso, deve ser evitada. As manteigas devem ser substituídas por outro tipo de gorduras: por exemplo, a margarina de soja.

Por seu turno, as gorduras insaturadas estão presentes principalmente nos alimentos de origem vegetal. Estas são essenciais ao nosso organismo, mas o corpo humano não tem capacidade de sintetizá-las, tendo que provir da alimentação.

Neste caso, pode dizer-se que a substituição das gorduras saturadas pelas insaturadas na alimentação do dia a dia pode auxiliar na redução do colesterol sanguíneo.

O “mau” e O “bom”

Existem dois tipos de colesterol a circular no sangue e ao conjunto chama-se colesterol total. Como o colesterol é uma gordura e como as gorduras não se dissolvem nos líquidos, então o colesterol não se dissolve no sangue. Por isso, precisa de se unir a certas proteínas para que possa ser transportado, formando as chamadas lipoproteínas (substâncias compostas, essencialmente, de gorduras e proteínas). Ou seja, para ser transportado pela circulação, do fígado para os outros tecidos, o colesterol precisa de estar ligado a uma proteína.

As principais lipoproteínas de transporte são o HDL (High Density Lipoprotein, de alta densidade) e o LDL (Low Density Lipoprotein, de baixa densidade).

O LDL é chamado o “colesterol mau”, porque, em excesso, deposita-se nas artérias, podendo originar diversos problemas de saúde, como enfarte do miocárdio, AVC (ou derrames) e aterosclerose. A aterosclerose é caracterizada por uma acumulação de placas de colesterol e de outras gorduras na parede das artérias.

O HDL é considerado o “colesterol bom”. Níveis moderados e elevados de HDL estão relacionados com o menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Isto deve-se ao facto desta lipoproteína atuar na remoção da gordura que está acumulada nas artérias, estando cientificamente demonstrado este mecanismo.

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2022 (nº 324)